Espaços verdes e mortalidade por doenças cardiovasculares no município do Rio de Janeiro

Autores

  • Ismael Henrique da Silveira Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Medicina Social. Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva
  • Washington Leite Junger Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Instituto de Medicina Social. Departamento de Epidemiologia

DOI:

https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2018052000290

Palavras-chave:

Doenças Cardiovasculares, mortalidade. Áreas Verdes. Saúde da População Urbana. Estudos Ecológicos.

Resumo

OBJETIVO: Investigar a associação entre a exposição aos espaços verdes e a mortalidade por doenças isquêmicas do coração e cerebrovasculares, e o papel do nível socioeconômico nessa relação, no município do Rio de Janeiro, Brasil. MÉTODOS: Estudo ecológico, tendo os setores censitários como unidade de análise. Foram utilizados os dados de óbitos por doenças isquêmicas do coração e cerebrovasculares, entre residentes com idade acima de 30 anos, ocorridos de 2010 a 2012. A exposição ao verde foi estimada por meio do Índice de Vegetação por Diferença Normalizada, baseado em imagens de satélite. As associações entre a exposição aos espaços verdes e a taxas de mortalidade por doenças isquêmicas do coração e cerebrovasculares, padronizadas por sexo e idade, foram analisadas por meio de modelos condicionais autorregressivos, ajustados pelas densidades de vias de tráfego leve e pesado, proxy de poluição, e pela situação socioeconômica, mensurada pelo Índice de Desenvolvimento Social. Também foram realizadas análises estratificadas por níveis socioeconômicos, dados pelos tercis do Índice de Desenvolvimento Social. RESULTADOS: Entre os setores mais verdes, com Índice de Vegetação por Diferença Normalizada acima do terceiro quartil, a redução da mortalidade por doenças isquêmicas do coração foi de 6,7% (IC95% 3,5–9,8) e por cerebrovascular foi de 4,7% (IC95% 1,2–8,0). Na análise estratificada, o efeito protetor dos espaços verdes na mortalidade por doenças isquêmicas do coração foi observado entre os setores mais verdes de todos os estratos, sendo maior para os de menor nível socioeconômico (8,6%; IC95% 1,8–15,0). No caso da mortalidade por doenças cerebrovasculares, o efeito protetor foi verificado apenas para os setores mais verdes do nível socioeconômico mais baixo (9,6%; IC95% 2,3–16,5). CONCLUSÕES: As taxas de mortalidade por doenças isquêmicas do coração e cerebrovasculares são inversamente associadas à exposição aos espaços verdes, controlando o nível socioeconômico e a poluição do ar. O efeito protetor dos espaços verdes é maior entre os setores de nível socioeconômico mais baixo.

Publicado

2018-04-24

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Silveira, I. H. da, & Junger, W. L. (2018). Espaços verdes e mortalidade por doenças cardiovasculares no município do Rio de Janeiro. Revista De Saúde Pública, 52, 49. https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2018052000290