Hanseníase e gênero no Brasil: tendências em área endêmica da região Nordeste, 2001–2014

Autores

  • Eliana Amorim de Souza Universidade Federal da Bahia. Instituto Multidisciplinar em Saúde, Campus Anísio Teixeira. Núcleo Epidemiologia e Saúde Coletiva
  • Anderson Fuentes Ferreira Universidade Federal do Ceará. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública
  • Reagan Nzundu Boigny Universidade Federal do Ceará. Faculdade de Medicina. Programa de Pós-Graduação em Saúde Pública
  • Carlos Henrique Alencar Universidade Federal do Ceará. Faculdade de Medicina. Departamento de Saúde Comunitária
  • Jorg Heukelbach Universidade Federal do Ceará. Faculdade de Medicina. Departamento de Saúde Comunitária
  • Francisco Rogerlândio Martins-Melo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Ceará
  • Jaqueline Caracas Barbosa Universidade Federal do Ceará. Faculdade de Medicina. Departamento de Saúde Comunitária
  • Alberto Novaes Ramos Junior Universidade Federal do Ceará. Faculdade de Medicina. Departamento de Saúde Comunitária

DOI:

https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2018052000335

Palavras-chave:

Hanseníase, epidemiologia. Gênero e Saúde. Notificação de Doenças. Doenças Endêmicas. Doenças Negligenciadas. Estudos de Séries Temporais.

Resumo

OBJETIVO: Analisar, segundo gênero, as tendências temporais dos coeficientes de detecção de casos novos de hanseníase na população geral e em crianças, do coeficiente de grau 2 de incapacidade física e da proporção de casos multibacilares no estado da Bahia, no período de 2001 a 2014. MÉTODOS: Estudo de série temporal baseado em dados epidemiológicos relativos à hanseníase oriundos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação. A análise de tendência temporal incluiu modelos de regressão de Poisson por pontos de inflexão (Joinpoint), considerando-se a dimensão de gênero. RESULTADOS: Dos 40.054 casos notificados no período, verificou-se tendência de redução no coeficiente de detecção geral (Average Annual Percent Change [AAPC] = -0,4; IC95% -2,8–1,9) e aumento em menores de 15 anos sem significância estatística (AAPC = 0,2; IC95% -3,9–4,5). Para o coeficiente de detecção com grau 2 de incapacidade física, a tendência foi de aumento significativo (AAPC = 4,0; IC95% 1,3–6,8), assim como nos casos multibacilares (AAPC = 2,2; IC95% 0,1–4,3). A análise estratificada por gênero indicou tendência de redução dos coeficientes de detecção entre as mulheres e de manutenção entre os homens, sem significância estatística. Em relação ao coeficiente de detecção em menores de 15 anos, a tendência de redução é mais acentuada nas mulheres do que entre os homens. As mulheres apresentaram tendência mais acentuada de aumento na proporção de casos multibacilares e do coeficiente de detecção de grau 2 de incapacidade. CONCLUSÕES: O estado da Bahia mantém alta endemicidade, transmissão ativa, diagnóstico tardio e provável endemia oculta de hanseníase. Há um padrão diferencial segundo gênero, tornando central o diagnóstico e tratamento oportuno com estratégias diferenciadas para os homens, sem desconsiderar a situação entre as mulheres.

Biografia do Autor

  • Jorg Heukelbach, Universidade Federal do Ceará. Faculdade de Medicina. Departamento de Saúde Comunitária
    James Cook University. College of Public Health, Medical and Veterinary Sciences. Division of Tropical Health and Medicine. Australia.

Publicado

2018-02-26

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Souza, E. A. de, Ferreira, A. F., Boigny, R. N., Alencar, C. H., Heukelbach, J., Martins-Melo, F. R., Barbosa, J. C., & Ramos Junior, A. N. (2018). Hanseníase e gênero no Brasil: tendências em área endêmica da região Nordeste, 2001–2014. Revista De Saúde Pública, 52, 20. https://doi.org/10.11606/S1518-8787.2018052000335