Acesso à assistência ao parto de adolescentes e jovens na região Nordeste do Brasil

Autores

  • Érida Zoé Lustosa Furtado Universidade Federal do Piauí; Hospital Universitário
  • Keila Rejane Oliveira Gomes Universidade Federal do Piauí; Centro de Ciências da Saúde
  • Silvana Granado Nogueira da Gama Fundação Oswaldo Cruz; Escola Nacional de Saúde Pública

DOI:

https://doi.org/10.1590/S1518-8787.2016050005396

Resumo

OBJETIVO Identificar os fatores que interferem no acesso de adolescentes e jovens à assistência ao parto na região Nordeste do Brasil. MÉTODOS Estudo seccional realizado com 3.014 adolescentes e jovens admitidas nas maternidades selecionadas por ocasião da realização do parto na região Nordeste do Brasil. O desenho da amostra foi probabilístico, em dois estágios: o primeiro correspondeu aos estabelecimentos de saúde e o segundo às puérperas e seus conceptos. A coleta de dados foi realizada por meio de entrevista e consulta ao prontuário hospitalar, a partir de formulário eletrônico pré-testado. Utilizou-se estatística descritiva para análise univariada, teste Qui-quadrado de Pearson para análise bivariada, e regressão logística múltipla para análise multivariada. Foram analisadas variáveis sociodemográficas, antecedentes obstétricos e aquelas relacionadas à assistência ao parto. RESULTADOS Metade das adolescentes e jovens entrevistadas não foi orientada sobre o local que deveria procurar para o parto, e entre aquelas que foram orientadas, 23,5% não realizaram o parto no serviço de saúde indicado. Além disso, 1/3 (33,3%) teve que peregrinar em busca de assistência ao parto, sendo que a maioria (66,7%) das puérperas chegou à maternidade por meios próprios. Na análise bivariada, as variáveis situação conjugal, trabalho remunerado, plano de saúde, número de gestações anteriores, paridade, localização do município e tipo de estabelecimento mostraram associação significativa (p < 0,20) com o acesso inadequado à assistência ao parto. Na análise multivariada, adolescentes e jovens que mantinham laços conjugais (p < 0,015), não possuíam plano de saúde (p < 0,002) e eram procedentes do interior (p < 0,001) tinham mais chance de acesso inadequado ao parto. CONCLUSÕES Adolescentes e jovens que mantêm laços conjugais, não possuem plano de saúde ou são procedentes do interior têm maior chance de apresentar acesso inadequado ao parto. A articulação entre o atendimento ambulatorial e a assistência ao parto pode melhorar esse acesso e, consequentemente, minimizar os riscos materno-fetais decorrentes da falta de planejamento sistêmico para a internação.

Publicado

2016-01-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Furtado, Érida Z. L., Gomes, K. R. O., & Gama, S. G. N. da. (2016). Acesso à assistência ao parto de adolescentes e jovens na região Nordeste do Brasil . Revista De Saúde Pública, 50, 23. https://doi.org/10.1590/S1518-8787.2016050005396