Efeitos isolados e sinérgicos do MP10 e da temperatura média na mortalidade por doenças cardiovasculares e respiratórias

Autores

  • Samya de Lara Lins de Araujo Pinheiro Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina; Departamento de Patologia
  • Paulo Hilário Nascimento Saldiva Universidade de São Paulo; Faculdade de Medicina; Departamento de Patologia
  • Joel Schwartz Harvard School of Public Health; Department of Environmental Health
  • Antonella Zanobetti Harvard School of Public Health; Department of Environmental Health

DOI:

https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048005218

Resumo

OBJETIVO Analisar o efeito da poluição do ar e da temperatura na mortalidade por doenças cardiovasculares e respiratórias. MÉTODOS Foram analisados os efeitos da temperatura e do material particulado com diâmetro aerodinâmico < 10 micrômetros (MP10), isolado e sinérgico, na mortalidade de indivíduos >; 40 anos por doenças cardiovasculares e na mortalidade de indivíduos >; 60 anos por doenças respiratórias em São Paulo, SP, entre 1998 e 2008. Três tipos de metodologias foram aplicadas para avaliar a associação isolada: análise de séries temporais com regressão de Poisson, análise case-crossover com pareamento temporal bidirecional e análise case-crossover com pareamento pelo fator confundidor, i.e., temperatura média ou poluente. Foi interpretada a representação gráfica da superfície resposta, gerada por termo de interação entre tais fatores adicionado à regressão de Poisson, para avaliar o efeito sinérgico entre os fatores de risco. RESULTADOS Não foram observadas diferenças entre os resultados das análises case-crossover e de séries temporais. Estimou-se mudança percentual no risco relativo para mortalidade cardiovascular e respiratória de 0,85% (0,45;1,25) e 1,60% (0,74;2,46), respectivamente, devido ao aumento de 10 μg/m3 na concentração do MP10. O padrão de associação da temperatura para mortalidade cardiovascular foi de U-shape e para mortalidade respiratória foi de J-shape, representando maior risco relativo em temperaturas altas. As figuras do termo de interação indicaram maior risco relativo em baixas temperaturas para mortalidade cardiovascular e em altas temperaturas para mortalidade respiratória em níveis de poluição em torno de 60 μg/m3. CONCLUSÕES A associação positiva parametrizada no modelo de regressão de Poisson para os poluentes não sofre confusão da temperatura, bem como o efeito da temperatura não sofre confusão dos níveis de poluentes na análise de séries temporais. A simultaneidade de exposição a diferentes níveis de fatores ambientais pode gerar condições de efeito combinado, tão preocupantes quanto as de extremas concentrações.

Publicado

2014-12-01

Edição

Seção

Artigos Originais

Como Citar

Pinheiro, S. de L. L. de A., Saldiva, P. H. N., Schwartz, J., & Zanobetti, A. (2014). Efeitos isolados e sinérgicos do MP10 e da temperatura média na mortalidade por doenças cardiovasculares e respiratórias. Revista De Saúde Pública, 48(6), 881-888. https://doi.org/10.1590/S0034-8910.2014048005218