Composição e reencantamento do mundo

Autores

  • Luiz Eduardo Gonçalves Universidade Federal de Goiás. Escola de Música e Artes Cênicas
  • Lucas Gabriel Costa Universidade Federal de Goiás. Faculdade de Ciências Sociais https://orcid.org/0000-0003-1774-1780

DOI:

https://doi.org/10.11606/rm.v24i2.224964

Palavras-chave:

tradições não-ocidentais, processos criativos contemporâneos, músicas do mundo, racionalização, Max Weber

Resumo

A abertura para as músicas do mundo foi uma, dentre tantas, vias de saída para as crises ou inquietações modernistas do início do século XX, e por sua vez deve ser problematizada com a seguinte questão: será que essa tendência de absorção das world musics não foi só uma maneira dos compositores continuarem sendo precisamente ocidentais em sua “tradição de ruptura”, na qual novos materiais apropriados são o combustível para outras inovações, com uma atitude ainda colonialista e não transformadora? Tratamos de refletir, a partir de um ensaio, sobre essa questão neste trabalho colocando as noções de racionalidade e intuição no centro da discussão, tendo a obra de Max Weber, e seus intérpretes, como principal fonte de orientação metodológica e lanterna que ilumina o caminho torto à resposta.

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Biografia do Autor

  • Luiz Eduardo Gonçalves, Universidade Federal de Goiás. Escola de Música e Artes Cênicas

    Luiz Gonçalves, nascido em Goiânia em 1986, é doutorando em música pela UDESC, na linha de pesquisa processos criativos sob orientação do Prof. Luigi Antônio Irlandini. É mestre em música pela Escola de Música e Artes Cênicas da Universidade Federal de Goiás, sob orientação da Profa. Ana Guiomar Rêgo Souza, na linha de pesquisa Música, Cultura e Sociedade. É bacharel em composição musical pela UFG sob orientação do compositor Paulo Guicheney. É colaborador da série permanente de concertos de música contemporânea Música Íntima. É professor efetivo da área de linguagem e composição musical na Escola de Música e Artes Cênicas da UFG.

  • Lucas Gabriel Costa, Universidade Federal de Goiás. Faculdade de Ciências Sociais

    Mestre em Sociologia no Programa de Pós-Graduação em Sociologia (PPGS) da Faculdade de Ciências Sociais (FCS) da Universidade Federal de Goiás (UFG), vinculado à linha de pesquisa em Trabalho, Formação e Representações Culturais. Possui bacharelado em Ciências Sociais (2019) pela mesma instituição e especialização em Docência Superior On-Line pelo Centro Universitário UniAraguaia. Atualmente, trabalha como professor substituto na área de SOCIOLOGIA no Instituto Federal Goiano, campus CERES (GO), atuando no ensino técnico-profissional; graduação e pós-graduação nesta instituição. Tem interesse nas seguintes áreas: sociologia da música; da cultura; teoria sociológica de vertente processual-relacional e compreensiva-interpretativa, com ênfase em Norbert Elias e Max Weber; metodologia das Ciências Sociais, com ênfase em planejamento de pesquisa; arte e sociedade; música e sociedade; literatura e sociedade. Atualmente, desenvolve pesquisas sobre o trabalho de mulheres musicistas no Brasil; pesquisas de fronteira entre sociologia e literatura sobre a obra em prosa curta brasileira; acesso à justiça e direitos . É estudante de violão clássico no projeto de extensão "Oficinas de Música" da Escola de Música e Artes Cênicas da UFG. Vinculado às Oficinas de Música da UFG (projeto de extensão), estuda violão clássico, sob orientação de Fernando Machado (FAFIL/UFG), 2018 - em andamento; Composição Musical, com Luiz Gonçalves (EMAC/UFG), 2021 - 2022; Desenvolve, ainda, projetos musicais em parceria com Oficinas da UFG, como o "SOCIALIZANDO O SOM".Foi membro-colaborador do Núcleo de Estudos sobre Criminalidade e Violência (NECRIVI, 2016-2017) e do Núcleo de Estudos Sobre o Trabalho (NEST, 2018-2022) da FCS/UFG.

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Publicado

2024-12-16

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Composição e reencantamento do mundo. (2024). Revista Música, 24(2), 147-165. https://doi.org/10.11606/rm.v24i2.224964