O palhaço Gadanho é nossa próxima atração: vem pro circo e para o choro com o “ás do violão”!

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/rm.v21i2.189049

Palavras-chave:

Circo no Brasil, Música nos circos, Palhaços músicos, Choros pioneiros para violão, Palhaço Gadanho

Resumo

Francisco Rosa Gadanho é mais um dentre as centenas de personagens pioneiros do violão brasileiro sobre o qual pouco se sabe. De sua eventual produção para o instrumento, a obra que ineditamente apresentamos neste artigo – o choro Caranguejo – é a primeira de que se tem notícia e, para além dela, são parcas as informações concretas sobre a sua biografia na literatura disponível. No caso do Palhaço Gadanho, seu nome artístico, esta lacuna parece significativa por se tratar de um dentre os mais afamados cômicos que, desde meados do século XIX, aproximaram os universos do circo e do violão no Brasil, um tema ainda infimamente estudado, mas cujo impacto parece ter sido decisivo para a disseminação do instrumento e de suas práticas a partir dos anos oitocentos. Além de apresentar e tecer uma breve genealogia do manuscrito e das fontes (sobretudo hemerográficas) encontradas, o artigo objetiva, em diálogo com parte da bibliografia de referência relacionada aos estudos circenses e suas intersecções com a música (SILVA, 2007; 2003; 1996; TINHORÃO, 2005, 2001; 1998; DAMASCENO, 1956), não somente levantar e analisar os traços biográficos disponíveis sobre Gadanho e conectar o personagem aos contextos e circuitos de atuação (por exemplo, os circos nos quais atuou e os palhaços com os quais conviveu, como Benjamim de Oliveira e Eduardo das Neves), mas também por em pauta alguns dos aspectos que tornaram o circo um espaço tão importante no percurso histórico do violão no país, com reverberações na constituição, recriação e/ou disseminação de seu repertório como acompanhante ou mesmo solista.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Humberto Amorim, Universidade Federal do Rio de Janeiro

    Professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) desde 2007, já realizou trabalhos acadêmicos (conferências, palestras, bancas e participações em eventos) e artísticos (concertos, gravações, palestras e masterclasses) em 14 países. É autor de 2 livros publicados pela Academia Brasileira de Música e, desde 2016, publica uma série de artigos frutos de seu período como pesquisador-residente (2015-2017) da Fundação Biblioteca Nacional (FBN).

     

  • Flávia Rejane Prando, Serviço Social do Comércio - Centro de Pesquisa e Formação (SESC - SP/CPF)

    Flavia Prando, violonista, doutora e mestre em musicologia, pelo Departamento de Música da ECA- USP. Bacharel em música com habilitação em instrumento, violão, pelo Instituto de Artes da Unesp. É Pesquisadora em Ciências Humanas e Sociais do Centro de Pesquisa e Formação do SESC em São Paulo, onde desenvolve pesquisas e cursos nas áreas da música, com enfoque em música brasileira.

     

  • Jefferson Motta, Centro Cultural São Paulo

    Jefferson Motta é mestre em música pela UNICAMP e bacharel em violão pela Faculdade Cantareira. Trabalha na organização das coleções que compõem o acervo da Discoteca Oneyda Alvarenga, entre elas, a Coleção Ronoel Simões e é integrante do coletivo Samba de Terreiro de Mauá.

     

  • Ivan Paschoito, Legato

    Ivan Paschoito é formado em Editoração pela ECA/USP. Como violonista e arranjador, teve seu primeiro arranjo publicado pela editora Cultura Musical, em 1983. Em seguida publicou trabalhos nas maiores editoras musicais brasileiras, Arlequim, Fermata, Ricordi, Vitale e também nos EUA, pela Guitar Solo Publications e SMP Press. São 241 arranjos e transcrições distribuídos em 19 álbuns e em mais de 150 partituras avulsas, impressas ou digitais. Como assessor editorial da Ricordi, preparou a edição do último trabalho de Henrique Pinto – Antologia Violonista – e as reedições do Método Paulinho Nogueira e do primeiro volume de A Escola de Tárrega, de Sodré. E também mais de 20 volumes para outros instrumentos, piano, órgão, flauta e violino, traduzidos e/ou editorados e publicados pela mesma Ricordi. Tem sua própria editora, a Legato, especializada em música impressa para violão, com mais de 120 títulos no catálogo.

Referências

ABREU, Martha; DANTAS, Carolina. Monteiro Lopes e Eduardo das Neves: histórias não contadas da Primeira República. Niterói: Eduff, 2020.

AMORIM, Humberto; MOTTA, Jefferson. L. G.; PASCHOITO, Ivan; PRANDO, Flavia. Colibri e Caranguejo: genealogia e edição de dois choros pioneiros para violão. Orfeu, Florianópolis, v. 6, n. 1, p. 1-34, 2021.

ANTUNES, Gilson Uehara. Américo Jacomino Canhoto e o desenvolvimento da arte solística do violão em São Paulo. 2002. Dissertação (Mestrado em Musicologia) − Escola de Comunicação e Artes, USP, São Paulo, 2002.

ARAÚJO, Vicente de Paula Araújo. Salões, circos e cinemas de São Paulo. São Paulo: Editora Perspectiva, 1981.

BARTOLONI, Giacomo. Violão: a imagem que fez escola. São Paulo 1900-1960. 2000. Tese (Doutorado em História) – Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências, História e Letras de Assis, Assis, 2000.

BOLOGNESI, Mário Fernando. Palhaços. São Paulo: Editora Unesp, 2003.

CORTEZ, Melchior. Colibri. Buenos Aires: Casa Romero y Fernandez, [s.d.]. Partitura.

COSTA, Eliene B. A. Um estudo das comédias mágicas O Chico e o Diabo e Os Irmãos Jogadores, de Benjamim de Oliveira. Repertório, Salvador, v. 13, n. 15, p. 111-128, 2010.

CUNHA, Maria Clementina Pereira. Ecos da folia: uma história social do Carnaval carioca entre 1880 a 1920. São Paulo: Companhia das Letras, 2001.

DAMASCENO, Athos. Palco, salão e picadeiro em Porto Alegre no século XIX: contribuições para o estudo do processo cultural do Rio Grande do Sul. Rio de Janeiro: Editora Globo, 1956.

EDMUNDO, Luiz. O Rio de Janeiro do meu tempo. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1938.

EFEGÊ, Jota. Figuras e coisas da música popular brasileira, vol. I. Rio de Janeiro: Mec/Funarte. 1978.

FERREIRA, Suzana Cristina de Souza. Adhemar Gonzaga e a Cinédia: imagens de um país que dança. Tese (Doutorado em História). Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 2006.

GUERRA, Antônio. Pequena História de Teatro, Circo, Música e Variedades em São João del Rei: 1717 a 1967. [Juiz de Fora], [Of. Da Sociedade Propagadora Esdeva], 1968.

PARAGUASSÚ. Org. Neide Lopes Ciarlariello. Baú da Saudade. São Paulo: Matarazzo, 2016.

PENTEADO. Jacob. Belenzinho, 1910. São Paulo: Carrenho Editorial, 2003 [1962].

PINTO, Alexandre Gonçalves. Choro: reminiscências dos chorões antigos. 3ª ed. comentada, revisada e ilustrada. Rio de Janeiro: Acari Records, 2014 [1936].

SILVA, Erminia. O circo: sua arte e seus saberes: o circo no Brasil do final do século XIX a meados do XX. (Dissertação de mestrado) - Instituto de Filosofia e Ciencias Humanas, UNICAMP, 1996.

SILVA, Erminia. As múltiplas linguagens na teatralidade circense: Benjamim de Oliveira e o circo-teatro no Brasil no final do século XIX e início do XX. (Tese de doutorado) - Instituto de Filosofia e Ciencias Humanas, UNICAMP, 2003.

SILVA, Erminia. Circo Teatro: Benjamim de Oliveira e a teatralidade circense no Brasil. São Paulo: Editora Altana, 2007.

TABORDA, Marcia. Violão e Identidade Nacional: Rio de Janeiro 1830/1930. Tese (Doutorado em História). Programa de Pós-Graduação em História Social. Rio de Janeiro: UFRJ/IFCS, 2004.

TINHORÃO, José Ramos. História social da música popular brasileira. Editora 34, 1998.

TINHORÃO, José Ramos. Cultura popular: temas e questões. São Paulo: Ed. 34, 2001. p.70.

TINHORÃO, José Ramos. Os sons que vêm da rua. São Paulo: Editora 34, 2005.

Downloads

Publicado

2021-12-17

Como Citar

O palhaço Gadanho é nossa próxima atração: vem pro circo e para o choro com o “ás do violão”!. (2021). Revista Música, 21(2), 127-168. https://doi.org/10.11606/rm.v21i2.189049