Sobre o gesto infantil na primeira poesia de Hilda Hilst e Eglê Mallheiros (ou: os anos 1950, uma propedêutica)
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2447-9020.intelligere.2023.219077Palavras-chave:
Hilda Hilst, Eglê Malheiros, Marxismo, Existencialismo, anos 1950Resumo
O artigo se ocupa dos três primeiros livros de poemas de Hilda Hilst – Presságio, Balada de Alzira e Balada do festival – e do primeiro de Eglê Malheiros – Manhã –, questionando-lhes sobre o que guardam do gesto infantil como potência literária. Para tanto, busca situá-los na década de 1950, quando foram publicados, atentando para o movimento intelectual no qual se inserem, assim como à primeira recepção crítica da obra de Hilst, assinada por Lygia Fagundes Telles. A partir dessas considerações, são tensionadas as leituras do existencialismo e do marxismo, respectivamente em Hilst e em Malheiros, observando como, a partir do conflito com esses postulados teóricos, o gesto infantil se coloca como potência estética capaz de dar forma ao tempo. O trabalho se conclui apontando à permanência da in-fância na obra das escritoras ao correr da segunda metade do século XX.
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