Bento Aranha e a cidade da borracha: Manaus, 1904-1910
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2447-9020.intelligere.2021.192278Palavras-chave:
Intelectuais mediadores, História da Imprensa, História da AmazôniaResumo
Explorando a rica produção jornalística legada por Bento de Figueiredo Tenreiro Aranha, intelectual e político paraense, o artigo aborda as crônicas escritas por ele no Jornal do Commercio, de Manaus (AM), entre os anos de 1904 e 1910, momento que coincide com a expansão da economia de exportação da borracha no Norte do Brasil e com o processo de urbanização modernizadora da capital amazonense. Transferindo-se para Manaus, cidade onde morou por cerca de quatro décadas, Bento Aranha participou ativamente do círculo letrado e político da cidade, logo se tornando um personagem de grande expressão e influência. Lançando mãos de diferentes estratégias distintivas, destacou-se no interior da elite cultural de Manaus, transformando-se num intelectual mediador de suma importância. Sua trajetória foi, em muitos aspectos, singular no Norte do país, em especial pela radicalidade e contundência de suas posições, tendo ali abraçado, de forma pioneira, o abolicionismo e o republicanismo. Contraditando o discurso apologético do urbanismo modernizador, então em voga, dedicou dezenas de crônicas aos problemas estruturais da cidade de Manaus, sempre com atenção aos populares e aos deserdados do látex. A leitura crítica desses escritos, revela uma cidade pelo avesso, rica em contraste e prenhe de problemas e contradições.
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