Relíquias da existência de um intelectual
os mundos fraturados de Júlio de Mesquita Filho na “Era dos Extremos”
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2447-9020.intelligere.2019.160994Palavras-chave:
Júlio de Mesquita FIlho, ontologia, autobiografia, memória, intelectuaisResumo
Este artigo tem como mote localizar panoramicamente aspectos da trajetória de vida do jornalista Júlio de Mesquita Filho, proprietário do jornal “O Estado de São Paulo”, a partir de discurso proferido quando foi paraninfo de uma turma do curso de direito da Universidade de São Paulo em 1948 e um depoimento autobiográfico escrito na década de 1960. Os escritos aqui postos em análise fazem um esforço de reconstituição do itinerário intelectual e existencial do personagem, situando as questões que o mobilizaram mais intensamente. Esses enunciados constituem documentos necessários para a compreensão de como o sujeito que desejou tomar parte do debate intelectual em torno da consolidação da República brasileira e os modelos de sociedade adequados compreendia a si mesmo e seus propósitos. Para a intepretação das fontes e estabelecer as balizas de aclimatação, três noções centrais são caras, ainda que não evidenciadas textualmente: “estar no mundo” (Dasein), conceito desenvolvido por Paul Ricoeur a partir da filosofia de Heidegger; “escrita de si” (Self Writing), utilizando a apropriação da historiadora Ângela de Castro Gomes do conceito foucaltiano; por fim, a categoria de “cone da memória”, trabalhada por Ecléa Bosi a partir de estudos do filósofo Henri Bergson. Como balizas historiográficas, são centrais os estudos dos historiadores Nicolau Sevcenko e Eric J. Hobsbawm.
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