O conceito de áreas sociais e sua aplicação na análise espacial de homicídios: estudo de caso do município de Piracicaba, São Paulo
DOI:
https://doi.org/10.11606/eISSN.2236-2878.rdg.2025.222938Palavras-chave:
Geotecnologias, Criminalidade, Desorganização social, Áreas sociaisResumo
Ao longo da história diversas teorias ligadas à criminologia abordaram a relação entre a organização espacial das cidades e a criminalidade. Desde os estudos pioneiros de Guerry e Quetelet no século XIX até as análises atuais em nível de microlocalização, há uma progressão no detalhamento das escalas de análise e no uso de técnicas estatísticas mais avançadas. No Brasil, os estudos frequentemente se baseiam nos setores censitários para investigar a correlação entre crimes e variáveis socioeconômicas. Tal abordagem metodológica deve ser empregada com cautela devido a problemas estatísticos quando se analisam eventos raros, como homicídios, em áreas com poucas observações. Diante do exposto, o objetivo fundamental deste artigo foi analisar a dimensão espacial dos homicídios em Piracicaba/SP, utilizando como unidade de análise as áreas sociais e a perspectiva teórica da desorganização social. Informações sobre homicídios foram adquiridas dos Boletins de Ocorrência, da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SPP), do período de 2008 a 2012, os quais foram comparados com as variáveis coletadas no Censo Demográfico do IBGE (2010). Os procedimentos metodológicos consistiram na utilização das Geotecnologias para espacializar os homicídios e para as análises espaciais, abrangendo o mapeamento de clusters e outliers, agrupamento de dados, regressão exploratória e modelos de regressão espacial. Os resultados indicaram um suporte parcial à teoria da desorganização social para a explicação dos homicídios em Piracicaba/SP.
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