Vidas arriscadas: uma reflexão sobre a relação entre o número de gestações e mortalidade materna
DOI:
https://doi.org/10.7322/jhgd.19888Palavras-chave:
Multigesta, multiparidade, mortalidade materna, risco reprodutivoResumo
Este estudo teve por objetivo identificar o risco e os fatores associados à mortalidade materna de multigestas (cinco ou mais gestações). Descreve a tendência da Taxa de Fecundidade Total (TFT) e da Razão de Mortalidade Materna (RMM) de 1998 a 2004 no Paraná. Apresenta uma análise dos 822 óbitos maternos deste período, o cálculo da Razão de Mortalidade Materna Específica, o Risco Relativo, a freqüência e o Odds Ratio para algumas variáveis segundo número de gestações. Analisa também as causas e a evitabilidade dos óbitos maternos. Os resultados apontaram TFT baixa (1,8 filhos por mulher) e a RMM elevada (69,7/100.000 nascidos vivos) no Paraná em 2004. Um quarto dos 822 óbitos maternos (206) era de multigestas (cinco ou mais gestações), o risco relativo de morte materna foi seis vezes superior do que para as mulheres com até duas gestações, e os perfis sociodemográfico e o reprodutivo foram mais desfavoráveis para aquele grupo de mulheres. A baixa escolaridade, a idade igual ou acima de 30 anos e o pré-natal com menos de quatro consultas apresentaram associação com o maior número de gestações. A proporção de mortes por causas obstétricas indiretas, hemorragias e aborto, foi maior entre as multigestas, e cerca de 90% dos óbitos deste grupo foi considerado evitável. Concluiu-se que o monitoramento das multigestas com idade avançada e em desvantagem social, bem como ações efetivas de planejamento familiar, e serviços obstétricos qualificados para gestação de alto risco são medidas que podem contribuir para a redução da mortalidade materna.Downloads
Referências
Say L, Shah I. Mortalidade materna e aborto não-seguro: evitáveis mas persistentes. Boletim Médico IPPF.Vol. 42-n.2-jun 2008.
Toohey JS, Keegan KA, Francis J, TaskS, Veciana M, et al. The dangerous multipara: fact or fiction? Am J Obstet Gynecol. 1995 Feb p. 683-5.
Bai J, Wong FWS, Bauman A, Mohsin M. Parity and pregnancy outcomes. Am J Gynecol. 2002 Feb; 186(2):274-8.
Simonsen SME, Lyon JL, Alder SC, Varner MW. Effect of multiparity onintrapartum and newborn complications in the young women. Obstetrics Ginecol. 2005;106:454-60.
Aliyu MH et al. High parity adverse birth outcomes: exploring the maze. Birth. 2005 Mar;32(1):45-59.
Zimicki S. The relationship between fertility and maternal mortality. In: Parmell AM (org.). Contraceptive use and controlled fertility. Washington, D.C.: National Academy Press; 1989.
Brasil. Ministério da Saúde. Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Criança e da Mulher. PNDS2006.Relatório.Brasília/DF;2008.
Brasil. Saúde no Brasil 2004 – Uma análise da situação de saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2004.
Volochko A. A mensuração da mortalidade materna no Brasil. In: Berquó E (org.). Sexo e Vida –Panorama da Saúde Reprodutiva. Campinas: Editora da UNICAMP; 2003.
Organización Pan-americana de la Salud (OPS), Organización Mundial de la Salud (OMS). Estratégia regional para a redução da mortalidade e morbidade materna. In: 26ª Conferência Sanitária Pan-americana, 54ª Sessão do Comitê Regional. Washington; 2003.
Soares VMN, Martins, AL. Trajetória e experiência dos Comitês de Prevenção da Mortalidade Materna do Paraná. Rev Bras Mater Infant, Recife. 2006 Oct/Dec;6(4):453-60.
RIPSA – Rede Interagencial de Informações para a Saúde. Indicadores básicos para a saúde no Brasil: conceitos e aplicações. Ministério da Saúde. OPAS. Brasília; 2008.
Horta CJG, Fonseca MC. Evolução recente da fecundidade em Minas Gerais. In: IX Seminário sobre a Economia Mineira. Anais do IX Seminário sobre a Economia Mineira, Belo Horizonte, UFMG/CEDEPLAR; 29de agosto a 1º de setembro de 2000.
Berquó E, Cavenaghi S. Mapeamento sócio-econômico e demográfico dos regimes de fecundidade no Brasil e sua variação entre 1991 e 2000. In: 14º Encontro Nacional de Estudos Populacionais, 2004. (Acesso em 22maio de 2007). Disponível em: http://www.abep.nepo.unicamp.br.
Lang CT,e King JC. Maternal mortalityin the United States. Best Pract Res Clin Obstet Gynaecol. 22(3):517-31.
Ramos S et al. A comprehensive assessment of maternal deaths in Argentina: translating multicenter collaborate research into action. Bulletin of World Health Organization. 2007; 65(7).
Costa AAR et al Mortalidade materna no Recife. Rev Bras Ginecol Obstet. 2002;Vol 24(2).
Trevisan MR, Lorenzi DRS, Araújo NM, Esber K. Perfil da assistência pré-natal entre usuárias do Sistema Único de Saúde em Caxias do Sul. RBGO. 2002;24(5).
Villar J, Valladares E, Wojdyla D. Caesarean delivery rates and pregnancy outcomes: the 2005 WHO global survey on maternal and perinatal health in Latin America. Lancet. 2006;367:1819-29.
Calderon IMP, Cecatti JG, Vega CEP. Intervenções benéficas no pré-natal para prevenção da mortalidade materna. Rev Bras Ginecol Obstet 2006; 28(5):310-5.
Bonan C. e Galli, B. Transformando acultura da inevitabilidade: a prevenção da mortalidade materna como questão de justiça social. I Fórum Fluminense Maternidade Segura e Cidadania. 2003http://www.ipas.org.br/arquivos/opiniao.doc.
Gomes FA et al. Mortalidade materna na perspectiva do familiar. Rev Esc Enferm USP. 2006; 40(1):50-6.
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
CODE OF CONDUCT FOR JOURNAL PUBLISHERS
Publishers who are Committee on Publication Ethics members and who support COPE membership for journal editors should:
- Follow this code, and encourage the editors they work with to follow the COPE Code of Conduct for Journal Edi- tors (http://publicationethics.org/files/u2/New_Code.pdf)
- Ensure the editors and journals they work with are aware of what their membership of COPE provides and en- tails
- Provide reasonable practical support to editors so that they can follow the COPE Code of Conduct for Journal Editors (http://publicationethics.org/files/u2/New_Code.pdf_)
Publishers should:
- Define the relationship between publisher, editor and other parties in a contract
- Respect privacy (for example, for research participants, for authors, for peer reviewers)
- Protect intellectual property and copyright
- Foster editorial independence
Publishers should work with journal editors to:
- Set journal policies appropriately and aim to meet those policies, particularly with respect to:
– Editorial independence
– Research ethics, including confidentiality, consent, and the special requirements for human and animal research
– Authorship
– Transparency and integrity (for example, conflicts of interest, research funding, reporting standards
– Peer review and the role of the editorial team beyond that of the journal editor
– Appeals and complaints
- Communicate journal policies (for example, to authors, readers, peer reviewers)
- Review journal policies periodically, particularly with respect to new recommendations from the COPE
- Code of Conduct for Editors and the COPE Best Practice Guidelines
- Maintain the integrity of the academic record
- Assist the parties (for example, institutions, grant funders, governing bodies) responsible for the investigation of suspected research and publication misconduct and, where possible, facilitate in the resolution of these cases
- Publish corrections, clarifications, and retractions
- Publish content on a timely basis