A Religiosa de Diderot: entre inocência e ímpeto de liberdade

Resumo

Dentre as obras escritas por Denis Diderot, A Religiosa é um de seus romances mais inventivos e, por isso mesmo, polêmico. Nele, o filósofo expõe as práticas perversas e desumanas ocorridas nos claustros religiosos a partir do relato memorialístico de Suzanne Simonin, jovem obrigada a seguir o voto de clausura, mas que, contrariamente, deseja se libertar da opressora vida monacal. O ímpeto de liberdade da inocente Suzanne passa a ser entendido por ela mesma como uma revolução, visto que família, clero e Estado, quase em uníssono, impossibilitam-na de agir nessa direção. Partindo da relação entre o caráter inocente da protagonista e seu projeto revolucionário, o presente artigo pretende compreender o sentido de significação da noção de “inocência” elaborada por Diderot no romance ao verificar outros escritos do filósofo que também versam sobre as noções de “caráter natural” e “inocência”.