Iracema, a virgem dos lábios de mel: negação e afirmação da indianidade no Ceará contemporâneo
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2525-3123.gis.2016.116353Palavras-chave:
Iracema, indianidade, identificação indígena, mestiçagemResumo
O presente artigo explora o lugar da imagem romântica de Iracema, figura literária criada por José de Alencar, enquanto símbolo de cearensidade e indianidade que é evocado em representações discursivas do cotidiano cearense tanto para negar quanto para afirmar processos de identificação indígena contemporâneos. Exemplos etnográficos oriundos de uma pesquisa de campo realizada no estado do Ceará, ao longo de vários anos (1998-2008), com lideranças indígenas dos povos Pitaguary, Tapeba, Tremembé, Jenipapo-Kanindé e Potyguara, demonstram que, se, por um lado, a imagem-símbolo de Iracema é utilizada para desautorizar a fala daqueles que reivindicam o reconhecimento de sua identidade étnico-racial, por outro, ela é apropriada como uma referência ou modelo de indianidade que serve justamente para autenticar uma auto-identificação em que os sujeitos se concebem sobretudo como indígenas, ao mesmo tempo em que se veem como pertencentes a populações mestiças – de caboclos, negros, sertanejos ou simplesmente “índios misturados”, assim revelando uma realidade em que várias formas de categorização identitária não excluem uma ênfase na noção de indianidade.
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