Apresentação
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2176-9419.v25i2p145-146Palavras-chave:
Filologia e linguística portuguesaResumo
Apresentamos ao leitor interessado o volume 25, n.º 2, da revista Filologia e Linguística Portuguesa. Trata-se de um volume temático, centrado nos estudos da variação e mudança diatópica de variedades linguísticas praticadas no Brasil. Em um total de sete artigos, pesquisadores especialistas abordam temas como direitos linguísticos, toponímia, dialetologia e multilinguismo. São organizadores do volume Joachim Steffen (UNIA - Universität Augsburg), Marcelo Jacó Krug (UFFS - Universidade Federal da Fronteira Sul), Manoel Mourivaldo Santiago Almeida (USP - Universidade de São Paulo), Maria Clara Paixão de Sousa (USP-Universidade de São Paulo) e Sílvio de Almeida Toledo Neto (USP - Universidade de São Paulo). O volume abre-se com o artigo intitulado Direitos linguísticos e cooficialização da língua alemã em São João do Oeste, Santa Catarina. Os autores Celina Eliane Frizzo, Elena Wendling Ruscheinsky e Marcelo Jacó Krug apresentam a Declaração Universal dos Direitos Linguísticos. Segundo o documento, falantes de línguas não oficiais em determinado território têm direito e estão livres para usá-las sem sofrer discriminação, exclusão e perseguição. Explicam-se questões referentes aos direitos linguísticos, ao linguicismo e ao linguicídio e relacionam-se esses tópicos com o processo de cooficialização da língua alemã em São João do Oeste - SC. No segundo artigo do volume, sob o título A toponímia italiana do Oeste de Santa Catarina: um estudo relacional dos nomes de lugares e a (i)migração, os autores Fernando Hélio Tavares de Barros e Marcelo Jacó Krug verificam marcas da identidade italiana na toponímia do Oeste de Santa Catarina, quanto a sua variação, mudança, manutenção e perda, durante a história de migração dos ítalo-gaúchos, um dos grupos povoadores da região. O estudo conclui que os sobrenomes e o catolicismo de devoção italiana são as características mais representativas dessa toponímia. Em A vitalidade linguística do talian em Riqueza/SC: dimensões e categorias de análise, terceiro artigo deste volume, as autoras Cristiane Horst e Franciele Zanella analisam a vitalidade linguística do talian em Riqueza, Santa Catarina. Busca-se identificar fatores que influenciam a manutenção ou substituição da língua minoritária, com base na geração, classe social e gênero. Os resultados revelam baixa vitalidade do talian em Riqueza, devido a fatores como prestígio reduzido, falta de transmissão intergeracional e negligência do poder público em relação ao seu ensino e registro. O quarto artigo do volume, intitulado Clavícula, cantareira e saboneteira: as variedades do português formosense, apresenta pesquisa feita por Karina de Jesus Araujo e Manoel Mourivaldo Santiago-Almeida, que tem como objetivo analisar a forma clavícula a partir dos falares dos moradores e migrantes de Formoso do Araguaia - TO. Procura-se compreender de que modo ocorre nesse local a variação da referida lexia. Os resultados estão documentados em mapas polifórmicos e de status da forma. A seguir, as autoras Flávia Helena da Silva Paz, Marilucia de Oliveira Cravo e Celiane Sousa Costa examinam O efeito da escolaridade e sexo sobre a haplologia no falar belenense, conforme esclarece o título do quinto artigo do volume. Estuda-se a haplologia no falar belenense com base em resultados do efeito de dois fatores externos, escolaridade e sexo. Resultados preliminares indicam que a haplologia é estigmatizada no falar belenense porque é desfavorecida entre as mulheres e os mais escolarizados. A baixa produtividade do fenômeno relaciona-se com a escolaridade. No sexto artigo do volume, denominado Variação morfofonológica da variável (gente) na fala de moradores da comunidade Ariri (AM), os autores Felício Wessling Margotti, Orlando da Silva Azevedo e Ilna Kelly Ferreira dos Santos descrevem as variantes morfofonológicas da variável gente na fala de moradores da comunidade Ariri, no município de Coari, Amazonas. Os resultados atestam que os moradores locais usam quatro variantes de gente, as quais evidenciam um processo de mudança linguística em curso. Conclui o volume o artigo intitulado Fronteras conceptuales y variedades del hablar. Escuela y comunidad ante el portugués en la frontera este de Misiones, Argentina, da autoria de Leonardo Cerno. O trabalho apresenta uma análise do discurso de docentes da educação pública em San Antonio e arrededores, em Misiones, Argentina. Analisa-se o contato da língua portuguesa e espanhola, com o surgimiento e uso habitual de variedades mistas, conhecidas como portuñol, e a presença local das modalidades padrão de ambas as línguas nacionais, promovidas desde a escola.
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