Apontamentos sobre montagem e teoria crítica em Walter Benjamin

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2318-9800.v28i1p13-24

Palavras-chave:

Walter Benjamin, Montagem, Teoria Crítica, Charles Baudelaire

Resumo

Este artigo pretende esboçar alguns apontamentos sobre o conceito de montagem nos escritos de Walter Benjamin e a relação desse conceito com a teoria crítica benjaminiana. Em fragmentos metodológicos ligados ao projeto de um livro sobre Charles Baudelaire, que só vieram a público no fim dos anos 1960, encontra-se um dos raros registros da expressão “teoria crítica” (kritische Theorie). Ela é utilizada por Benjamin para caracterizar sua autocompreensão teórico-metodológica, numa vinculação direta dessa expressão a procedimentos de enquadramento e montagem associados à objetiva fotográfica ou fílmica. Sustentar o nexo explicitado nas notas metodológicas entre teoria crítica – na acepção benjaminiana dessa prática teórica – e montagem impõe algumas questões. Primeiro, é preciso saber o que vem a ser, para Benjamin, a montagem. Sobretudo nos anos 1930, o desenvolvimento dessa noção é prismado em diversos objetos, em ensaios sobre o cinema, o teatro épico de Brecht, as vanguardas dadá e surrealista, a literatura de Alfred Döblin e a historiografia materialista. Além disso, é preciso indicar em que sentido o procedimento oriundo das artes e dos novos aparelhos de reprodução técnica pode contribuir para a teoria. Benjamin não considera a montagem apenas do ponto de vista procedimental, mas enfatiza, por exemplo, a função pedagógica e o ganho cognitivo propiciados através de experimentos teatrais. Igualmente, Benjamin chama atenção para a possibilidade de expansão da percepção, propiciado pela técnica cinematográfica por meio do desrecalque do inconsciente ótico.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Referências

Benjamin, W.; Barrento, J. et al. (2015). Comentário. In: Benjamin, W. Baudelaire e a modernidade. Belo Horizonte: Autêntica.

Benjamin, W. (2006). Passagens. Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.

Benjamin, W. (2012a). A imagem de Proust. In: Obras escolhidas I: Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasilense.

Benjamin, W. (2012b). A obra de arte na era de sua reprodutibilidade técnica. In: Obras escolhidas I: Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasilense.

Benjamin, W. (2012c). O autor como produtor. In: Obras escolhidas I: Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasilense.

Benjamin, W. (2012d). Pequena história da fotografia. In: Obras escolhidas I: Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasilense.

Benjamin, W. (2012e). Que é o teatro épico? In: Obras escolhidas I: Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasilense.

Benjamin, W. (2012f). Obras escolhidas II: Rua de mão única. São Paulo: Brasilense.

Benjamin, W. (2013). Instituto alemão de livre pesquisa. In: O capitalismo como religião. São Paulo: Boitempo.

Benjamin, W. (2015). Sobre alguns motivos na obra de Baudelaire. In: Baudelaire e a modernidade. Belo Horizonte: Autêntica.

Bolle, W. (1994). Fisiognomia da Metrópole Moderna: Representação da História em Walter Benjamin. São Paulo: EDUSP.

Fleck, A. (2017). Afinal de contas, o que é teoria crítica? Princípios: Revista de Filosofia, Natal, 24(44), 97-127.

Gagnebin, J. M. (1983). Walter Benjamin: os cacos da história. São Paulo: n-1, 2018. HORKHEIMER, Max. Teoria Tradicional e Teoria Crítica. In: Benjamin, W. et al. Os Pensadores. São Paulo: Abril Cultural.

Kang, J. (2009). O espetáculo da modernidade: A crítica da cultura de Walter Benjamin. Novos Estudos CEBRAP, 84, 214-233.

Machado, C. E. (2015). Walter Benjamin: “montagem literária”, crítica à ideia do progresso, história e tempo messiânico. In: Machado, C. E.; Machado, R. J.; Vedda, M. (orgs.). Walter Benjamin: experiência histórica e imagens dialéticas. São Paulo: UNESP, p. 413-420.

Nobre, M. (org.). (2013). Curso livre de Teoria Crítica. Campinas: Papirus.

Nobre, M. (2011). A teoria crítica. Rio de Janeiro: Zahar.

Palhares, T. (2013). Walter Benjamin: teoria da arte e reprodutibilidade técnica. In: Nobre, M. (org.). Curso livre de teoria crítica. Campinas: Papirus, p.21-33.

Piccone, P. (2005). General Introduction. In: Arato, A.; Gebhardt, E. The Essential Frankfurt School Reader. New York: Continuum, p. XI-XXIII.

Seligmann-Silva, M. (2011). A redescoberta do idealismo mágico. In: Benjamin, W. O conceito de crítica de arte no romantismo alemão. São Paulo: Iluminuras, p.9-14.

Souza, L. (2019). Walter Benjamin e a modernidade: a recusa da modernité de Baudelaire. In: Palhares, T. (ed.). Arte, estética e modernidade. Campinas, SP: UNICAMP/IFCH.

Tiedemann, R. (2006). Introdução à edição alemã (1982). In: Benjamin, W. Passagens. Belo Horizonte: Editora UFMG; São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, p.13-33.

Wohlfarth, I. (1986). Et Cetera? The Historian as Chiffonier. Revista New German Critique, 39, Second Special Issue on Walter Benjamin, p.142-168.

Downloads

Publicado

2023-06-26

Edição

Seção

Homenagem

Como Citar

Souza, L. M. (2023). Apontamentos sobre montagem e teoria crítica em Walter Benjamin. Cadernos De Filosofia Alemã: Crítica E Modernidade, 28(1), 13-24. https://doi.org/10.11606/issn.2318-9800.v28i1p13-24