Do acolhimento institucional à família adotiva: a vivência da criança nesta transição
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1981-1624.v26i1p83-98Palavras-chave:
Adoção tardia, Vínculo, Acolhimento institucional, Família adotivaResumo
O presente artigo objetiva abordar, a partir da perspectiva psicanalítica, as vicissitudes de crianças, em transição do acolhimento institucional a uma família adotiva, dando especial atenção ao processo de vinculação à nova família. São apresentadas questões sobre a legislação e os trâmites processuais da adoção, e, em seguida, apresentados recortes da teoria psicanalítica sobre a vivência do abandono, da separação da família de origem, do luto e da formação de novos vínculos, situações comuns às crianças em adoção tardia. O método utilizado é o estudo de caso, no qual se busca elucidar a vivência de uma criança, em vias de adoção. A análise dos resultados aponta que a adotanda ainda não havia vivenciado o luto quanto à impossibilidade de seu retorno à sua família de origem, sendo interrompido o processo de aproximação com os pretendes à adoção. Aponta-se a necessidade da escuta e da preparação da criança para vivenciar o processo adotivo, avaliando sua condição e disponibilidade psíquica para ser inserida em uma nova família. Conclui-se que o fato de a criança estar juridicamente apta à adoção, não corresponde a estar emocionalmente pronta para essa mudança em sua vida. Evidencia-se, assim, a importância da atuação do psicólogo judiciário neste contexto.
Downloads
Referências
Alvarenga, L. L. & Bittencourt, M. I. G. F. (2013). A delicada construção de um vínculo de filiação: o papel do psicólogo em casos de adoção. Pensando famílias, 17(1), 41 – 53. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1679-494X2013000100005
Brasil. (1990). Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Recuperado de http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm
Bowlby, J. (1993a). Separação: angústia e raiva (L. Hegenberg, M. Hegenberg, O. S. Mota, trads.). São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1973).
Bowlby, J. (1993b). Perda, tristeza e depressão. (W. Dutra, trad.). São Paulo: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1980).
Dolto, F. (1985). Seminário de psicanálise de crianças. (V. Ribeiro, trad.). Rio de Janeiro: Zahar.
Freitas, C. (2017). Criança institucionalizada: a importância da preparação na vivência do processo de adoção. Psicologia.pt. Recuperado de https://www.psicologia.pt/artigos/textos/TL0406.pdf
Freud, S. (1996). Luto e melancolia. In S. Freud, Edição standard das obras psicológicas completas de Sigmund Freud. (Vol. 14, J. Salomão, trad., pp. 245-263). Rio de Janeiro, RJ: Imago. (Trabalho original publicado em 1917).
Goldenberg, G. W. (1992). A adoção e a lei: um recorte da trama manifesta e da trama latente da vivência de abandono. Revista Brasileira de Psicanálise. 2(1), 23 – 9.
Guimarães, L. A. (2015). Escuta da criança no processo de adoção: procedimentos e direitos. In: F. Scorsolini-Comin, A. Pereira & M. Nunes (Orgs.), Adoção: legislação, cenários e práticas (pp. 125-147). São Paulo: Vetor.
Guimarães, R. M. & Bento, V. E. S. (2008). O método do “estudo de caso” em psicanálise. Psico, 39(1), 91- 99. Recuperado de http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistapsico/article/view/1484
Herrmann, F. (2004). Pesquisa Psicanalítica. Ciência e cultura, 56 (4), 25-28. Recuperado de http://cienciaecultura.bvs.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0009-67252004000400014
Levinzon, G. K. (1997). A criança adotiva na clínica psicanalítica. Tese de doutorado, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.
Levinzon, G. K. (2018). Adoção e falso self: o dilema do “bom adotado”. In G. Levinzon, & A. Lisondo (Orgs.), Adoção: desafios da contemporaneidade (pp. 49 – 70). São Paulo: Blucher.
Mendes, C. L. P. C. (2007). Vínculos e rupturas na adoção: do abrigo para a família adotiva. Dissertação de mestrado, Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo, São Paulo, SP.
Mezan, R. (1993). Que significa pesquisa em psicanálise? In M. Silva (coord.), Investigação e psicanálise (pp. 49 – 89). Campinas, SP: Papirus.
Otuka, L. K., Scorsolini-Comin, F. & Santos, M. A. (2012). Adoção suficientemente boa: experiência de um casal com filhos biológicos. Psicologia: Teoria e Pesquisa, 28(1), 55 – 63. doi: 10.1590/S0102-37722012000100007
Paiva, L. D. (2004). Adoção: significados e possibilidades. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Peiter, C. (2016). Adoção: vínculos e rupturas: do abrigo à família adotiva. São Paulo: Zagodoni.
Rosi, F. S. & Lucero, A. (2018). Intervenção precoce x Estimulação precoce na clínica com bebês. Tempo psicanalítico, 50(1), 174-193. Recuperado de http://pepsic.bvsalud.org/pdf/tpsi/v50n1/v50n1a09.pdf
Silva, P. S., Cassarino-Perez, L., Sarriera, J. C. & Frizzo, G. B. (2017). A Equipe Psicossocial na Colocação da Criança nos Processos de Adoção. Psicol., Ciênc. Prof., 37(3), 608-623. doi: 10.1590/1982-3703000382016
Souza, H. P. & Casanova, R. P. S. (2014). Adoção e a preparação dos pretendentes: roteiro para o trabalho nos grupos preparatórios. Curitiba, PR: Juruá.
Tinoco, V. & Franco, M. H. P. (2011). O luto em instituições de abrigamento de crianças. Estudos de Psicologia (Campinas), 28(4), 427 – 434. doi: 10.1590/S0103-166X2011000400003
Vargas, M. M. (2006). Adoção de crianças maiores. In: L. Filho &S. Schettini (Orgs.), Adoção: os vários lados dessa história (pp. 147 - 171). Recife, PE: Bagaço.
Winnicott, D. W. (1956). Preocupação materna primária. In: D. Winnicott (1988). Textos selecionados: Da Pediatria à Psicanálise. (J. Russo, trad., pp. 491 – 498, 4a ed.). Rio de Janeiro, RJ: Francisco Alves.
Winnicott, D. W. (1983). O ambiente e os processos de maturação. (I. C. S. Ortiz, trad.). Porto Alegre, RS: Artes Médicas. (Trabalho original publicado em 1965).
Winnicott, D. W. (2011). A família e o desenvolvimento individual. (M. B. Cipolla, trad., 4a ed.). São Paulo, SP: Martins Fontes. (Trabalho original publicado em 1965).
Downloads
Publicado
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2021 Amanda Carollo Ramos da Silva, Jorge Luís Ferreira Abrão
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial 4.0 International License.
O envio dos manuscritos deverá ser acompanhado de Carta à Comissão Executiva solicitando a publicação. Na carta, o(s) autor(es) deve(m) informar eventuais conflitos de interesse - profissionais, financeiros e benefícios diretos ou indiretos - que possam vir a influenciar os resultados da pesquisa. Devem, ainda, revelar as fontes de financiamento envolvidas no trabalho, bem como garantir a privacidade e o anonimato das pessoas envolvidas. Portanto, o(s) autor(es) deve(m) informar os procedimentos da aprovação da pesquisa pelo Comitê de Ética da instituição do(s) pesquisador(es) com o número do parecer.
O material deve ser acompanhado também de uma Declaração de Direito Autoral assinada por todo(s) o(s) autor(es) atestando o ineditismo do trabalho, conforme o seguinte modelo:
Eu, Rinaldo Voltolini, concedo à revista o direito de primeira publicação e declaro que o artigo intitulado Sobre uma política de acolhimento de professores em situação de inclusão, apresentado para publicação na revista Estilos da Clínica, não foi publicado ou apresentado para avaliação e publicação em nenhuma outra revista ou livro, sendo, portanto, original.