Poéticas ameríndias: uma leitura da enunciação antropossemiótica

Autores

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2024.216300

Palavras-chave:

Poéticas ameríndias, Semiótica, Enunciação, Significação

Resumo

Ao ter como proposta a capacidade de lidar com a maior gama possível de textos, a teoria semiótica procura sobretudo lançar luz sobre os processos de construção da significação. Para este trabalho, pretendemos nos valer dos desdobramentos da teoria, como a noção de enunciação antropossemiótica (Fontanille, 2019) e o arco tensivo da obra (Mancini, 2020), com o objetivo de analisar as produções poéticas ameríndias. As traduções xamânicas dos povos Marubo, empreendidas pelo antropólogo Pedro Cesarino (2011), constituem o corpus escolhido para a análise. As problemáticas trabalhadas são elencadas na seguinte ordem: a transposição da literatura oral para a escrita; a presença da linguagem mnemônica; e a multiposicionalidade de vozes presentes nos cantos. Apesar de a teoria semiótica possuir lacunas que a impossibilitam de abarcar toda a complexidade das produções que escapam ao modelo ocidental, acreditamos ter apresentado as bases necessárias para engendrar novos percursos de pesquisa que lhe permitam pensar sobre uma epistemologia da diversidade (ou diversidade de epistemologias?).

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Biografia do Autor

  • Vanessa Pastorini, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

    Doutoranda do Programa de Semiótica e Linguística Geral da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo (USP), São Paulo, SP, Brasil.

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Publicado

2024-04-29

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Artigos

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Como Citar

Pastorini, V. (2024). Poéticas ameríndias: uma leitura da enunciação antropossemiótica. Estudos Semióticos, 20(1), 101-121. https://doi.org/10.11606/issn.1980-4016.esse.2024.216300