Chamada de trabalhos / Call for papers – vol. 18, n. 2 (2022) - Dossiê temático "Semiótica e verdade"

2021-05-10

[Italiano più sotto / English below]

Editores convidados: Paolo Demuru (UNIP: PPGCOM, São Paulo) e Franciscu Sedda (Universidade de Cagliari, Sardenha)

 

Hoje como nunca, diante do avanço de discursos desinformativos e conspiratórios relativos a questões políticas e sanitárias, voltar a refletir sobre a natureza e o estatuto semiótico – ou melhor, as naturezas e os estatutos semióticos – da verdade é tarefa urgente e imprescindível.

Sempre explícita ou implicitamente no centro das diversas linhagens e vertentes dos estudos semióticos – da semiótica greimasiana e pós-greimasiana à semiótica peirciana, passando pela semiótica da cultura lotmaniana e pala semiótica interpretativa de Umberto Eco –, a problemática da verdade convida a se debruçar tanto sobre questões epistemológicas de caráter geral, quanto sobre análise de casos específicos, através dos quais iluminar as maneiras multíplices por meio das quais as verdades são construídas e/ou negadas.

Pode parecer que a semiótica, assumindo uma postura epistemológica “não referencialista” com relação aos elos entre a linguagem, o discurso e as “coisas” do mundo, tenha colocado entre parênteses a problemática da “Verdade” com “V” maiúsculo, deixando que dela se ocupassem a filosofia e outras ciências humans. O fato é que a semiótica colocou entre parênteses a “Verdade” – a “Verdade” última e absoluta – para abordar as muitas e multifacetadas “verdades” que os sujeitos produzem e abraçam para se definir e realizar enquanto tais. O que significa que, conquanto efêmera e contingente – ou talvez por isso mesmo – a verdade é sempre um alvo e uma aposta, e, portanto, um motor de sentido, um catalisador e o canalizador de lutas históricas, sociais, culturais e políticas pelo sentido.

Pense-se, a este propósito, no ensaio seminal de Greimas intitulado O contrato de veridicção (1983). No texto, dedicado a Paul Ricoeur, o semioticista reflete sobre o estatuto semiótico da verdade. A primeira conclusão à qual Greimas chega é que, sob o prisma teórico-epistemológico da semiótica discursiva, a verdade nada mais é que um efeito de sentido. A segunda é que, isso posto, a produção da verdade consiste na “construção de um discurso cuja função não é o dizer verdadeiro, mas o parecer verdadeiro”. Nessa perspectiva, continua Greimas, o problema não é mais, como no caso da verossimilhança, a adequação do discurso a um suposto referente externo, mas “a adesão da parte do destinatário a quem [o discurso] se dirige, e por quem procura ser lido como verdadeiro”.

Pensar a verdade em termos semiótico-discursivos significa, então, se interrogar sobre a eficácia das estratégias utilizadas por um dado enunciador para fazer com que seu discurso “pareça verdadeiro”, bem como sobre os percursos através dos quais o enunciatário pode chegar, ou não, a julgá-lo como tal. Para Greimas, pois, a verdade é um modo de veridicção que se consolida a partir de um acordo – não necessariamente pacífico – entre os actantes do processo de comunicação. Um acordo ao qual o semioticista, conforme antecipa o título de seu artigo, confere o nome de “contrato de veridicção”. Em suma: o problema do estatuto semiótico da verdade é um problema de manipulação discursiva. Surgem daqui os dois tipos de manipulação identificados por Greimas: a “camuflagem objetivante” e a “camuflagem subjetivante”. No primeiro caso, estamos diante de um discurso que, para ser reconhecido enquanto verdadeiro, “apaga, tanto quanto possível, todas as marcas da enunciação”. No segundo caso, o sujeito da enunciação manifesta-se explicitamente enquanto tal, afirmando-se como um “eu fiador da verdade”. Trata-se, nas palavras de Greimas, de um processo comunicacional “hermético-hermenêutico [o qual] deve sugerir um plano anagógico a ser decifrado”. O que coloca, entre outros, o problema das relações entre a verdade e seus termos contrários, contraditórios e complementares, isto é, a “falsidade”, a “mentira” e o “segredo”, exploradas no célebre quadrado semiótico das modalidades veridictórias.

O mesmo tema foi abordado por autores como Paolo Fabbri, em seu texto Semiótica e camuflagem (https://www.paolofabbri.it/saggi/semiotica_camuflagem/) e Umberto Eco, que em seu Tratado Geral de Semiótica (1975) definia a Semiótica como a disciplina que “estuda tudo aquilo que pode ser usado para mentir”. Ponto, este, que Eco desenvolveu ao longo de toda sua trajetória intelectual, refletindo em profundidade tanto sobre os diversos gêneros e modos de produção do falso (falso histórico, imitação, contrafação, etc.) quanto sobre os aspectos da assim chamada “semiose hermética”. Conforme aponta o semioticista, a estratégia principal desta última é construir e promover um discurso que identifica a verdade com “aquilo que não é dito”, ou com “aquilo que é dito de modo obscuro”, produzindo um deslizamento irrefreável do sentido da verdade, para o qual toda interrogação semiótica não deve nunca chegar a uma verdade última, mas simplesmente deslocar o segredo para alhures (Os limites da Interpretação, 1990).

Entretanto, é preciso lembrar que Eco abordou a questão da verdade também em termos mais propriamente teórico-epistemológicos, em Kant e o Ornitorrinco (1997) e, em tempos mais recentes, em seu ensaio Di um realismo negativo (2012). O ponto de vista de Eco difere, aqui, do de Greimas, pois parte de outros pressupostos, como, por exemplo, a convicção de que existem limites naturais que se impõem sobre o dizer e a possibilidade de se expressar. Contudo, ele também se fundamenta em uma perspectiva discursiva e no princípio de negociação da verdade. Uma verdade que, no que diz respeito ao seu alcance ético, remete sempre a um processo de negociação sociocultural e a avaliações relativas à adequação do “dizer” ao “mundo natural”.

Uma outra teoria semiótica da verdade desenvolvida no âmbito da semiótica gerativa é aquela proposta por Jacques Geninasca em La parole littéraire. De acordo com Geninasca, a verdade surge da sintonia entre as valorizações tímicas e predicativas que fundam o crer do Sujeito. É nesta possibilidade de produzir e/ou assumir um universo discursivo de valores no qual o sentir e o saber se fundem reciprocamente que a verdade subjetiva e intersubjetiva se constrói e ganha forma. Através desse gesto de assunção ao mesmo tempo sensível e inteligível, o sujeito re-inscreve a verdade na (sua) história, acreditando e afirmando que suas crenças e valores ultrapassam as contingências do tempo, tornando-se, enfim, uma referência pessoal e coletiva.

Tais reflexões convidam a refletir, de modo mais geral, sobre uma sociossemiótica e uma semiótica cultural da verdade, que leve em consideração a problemática do sensível e dos regimes de interação na construção das crenças, conforme proposto por Landowski em seu modelo dos Regimes de Sentido e Interação (2005), e proporcione, ao mesmo tempo, um olhar o mais amplo possível sobre a dimensão histórica dos processos de produção das verdades coletivas, como nos estudos de Lotman e Foucault.

Com base nesses pressupostos, o presente número de Estudos Semióticos busca refletir a partir de diversos ângulos sobre a relação entre semiótica e verdade, percorrendo de alto a baixo o percurso que leva da empiria ao método, à teoria e à epistemologia, e vice-versa. Trata-se, nessa perspectiva, de abordar a verdade – as verdades – contemplando tanto seus estatutos teóricos e epistemológicos, quanto a multiplicidade de seus objetos, sujeitos, sistemas, processos, modos e procedimentos de produção, bem como os valores que orbitam em sua volta, sejam eles contrários, contraditórios, complementares ou de outra natureza. Pois o verdadeiro não emerge apenas em relação ao falso, mas também em relação ao que, dentro de um dado universo sociocultural, é considerado “justo”, “correto”, “adequado”, “autêntico”, entre outros valores possíveis. E o que dizer, ainda, nesta perspectiva, das nuances de sentido que a verdade assume em um momento dominado pela ideia de “pós-verdade”? Não seria a própria ideia de “verdade” que, à luz dos recentes fenômenos sociais e midiáticos, ganharia ainda outros contornos?

Reconstruir a afirmação de efeitos de verdades que, silenciosamente, se produz dentro das diversas práticas discursivas. Captar, analisar, criticar a verdade, ou melhor, as verdades da ciência, da política, da vida cotidiana, de um coletivo, de uma cultura e, por que não, da própria semiótica enquanto disciplina. Identificar os valores, os significados e os conflitos semióticos através dos quais uma verdade se afirma enquanto tal e as estratégias que fazem com que isso seja possível. Estas são apenas algumas das linhas condutoras que este número de Estudos Semióticos pretende abordar.

A partir do que foi antes apresentado, sugere-se que os artigos abordem os seguintes temas (outros assuntos podem também ser tratados):

  • verdade e verdades: sistematizações e propostas teórico-epistemológicas;

  • os gêneros do discurso veridictório;

  • estratégias enunciativas do parecer verdadeiro;

  • verdade e estesia: o papel do sensível na construção das verdades;

  • regimes de interação e produção de verdades;

  • culturas, histórias e verdade: o problema da verdade à luz do devir histórico e das diferenças culturais;

  • verdades e estereótipos socioculturais;

  • políticas da verdade e verdades da política;

  • pós-verdade, desinformação e construção de crenças nas mídias sociais;

  • verdade e segredo nos atuais discursos conspiratórios.

 

Informações práticas

Datas importantes:

  • Submissão das propostas (máx. 500 palavras) até 31 de julho de 2021. Enviar para:  paolodemuru@gmail.com  e  franciscu.sedda@gmail.com
  • Resposta sobre as propostas recebidas: 20 de agosto de 2021.
  • Submissão dos artigos cujas propostas foram aprovadas: de 1º de setembro a 31 de dezembro de 2021. BREAKING NEWS: PRORROGADO ATÉ 15/JANEIRO/2022. Envio em: https://www.revistas.usp.br/esse/about/submissions
  • Publicação prevista: agosto de 2022.

Detalhes sobre a redação e a formatação dos artigos:

  • Línguas aceitas: português, francês, inglês, italiano, espanhol.
  • Resumos na língua do artigo e em inglês (se o artigo estiver em inglês, o resumo deve ser escrito em uma das outras línguas aceitas).
  • Extensão máxima: 50 000 caracteres (espaços incluídos).
  • Verificar as normas de formatação da revista.

 

[Italiano]

Numero tematico “Semiotica e Verità”

A cura di: Paolo Demuru (UNIP: PPGCOM, São Paulo) e Franciscu Sedda (Università di Cagliari)

 

Oggi più che mai, dinanzi alla diffusione di discorsi improntanti alla disinformazione, di atteggiamenti dietrologici o cospirativi su questioni politiche e sanitarie, tornare a riflettere sulla natura e lo statuto – o meglio, le nature e gli statuti semiotici – della verità, è compito urgente e necessario.

Sempre implicitamente o esplicitamente al centro delle diverse branche degli studi semiotici – dalla semiotica generativa greimasiana e post-greimasiana alla semiotica peirciana, passando per la semiotica interpretativa di Umberto Eco e la semiotica della cultura di Jurij Lotman – il problema della verità invita a riflettere sia su questioni epistemologiche di carattere generale, sia su casi di studio specifici, attraverso cui illuminare le molteplici maniere di costruire e negare il vero.

Può sembrare che la semiotica, assumendo una postura epistemologica “non referenzialista” davanti al rapporto tra i linguaggi, i discorsi e il mondo, abbia messo tra parentesi la “Verità” con la “V” maiuscola, lasciando che se ne occupassero la filosofia e altre scienze umane e sociali. Il fatto è che la semiotica ha scelto di mettere tra parentesi la “Verità” – la “Verità” ultima e assoluta – per confrontarsi con le molte verità che i Soggetti ricercano e producono per definirsi e realizzarsi. Il che significa che, per quanto effimera e contingente, o forse proprio perché tale, la verità è una posta continuamente aperta e, dunque, un motore del senso, un catalizzatore di lotte storiche, sociali, culturali e politiche intorno al senso.

Si pensi, a questo riguardo, al saggio seminale di Greimas “Il contratto di veridizione”. Nel testo, dedicato a Paul Ricoeur, il semiologo riflette sullo statuto semiotico della verità. La prima conclusione a cui giunge è che, sotto il profilo teorico-epistemologico di una semiotica discorsiva, la verità non è altro che un effetto di senso. La seconda è che, conseguentemente, la produzione della verità consiste “nella costruzione di un discorso che ha come funzione non il dire-vero ma il sembrare-vero”. In quest’ottica, continua Greimas, il problema non è più, come nel caso delle riflessioni filosofiche sulla verosimiglianza, l’adeguamento del discorso a un presunto referente esterno, ma l’adesione del destinatario ad un discorso che gli viene indirizzato, ed è stato costruito, “per essere letto come vero”.

Pensare la verità in termini semiotico-discorsivi significa, dunque, interrogarsi sull’efficacia delle strategie utilizzate da un dato enunciatore per fare in modo che il proprio discorso “sembri vero”, così come sui percorsi attraverso cui l’enunciatario può giungere a giudicarlo, o no, come tale. Di fatto, per Greimas la verità è una “modalità veridittiva” che si consolida a partire da un accordo tra gli attanti del processo comunicazionale. Un accordo che il semiologo definisce, appunto, in sintonia con il titolo del saggio, “contratto di veridizione”. In altri termini, il problema dello statuto semiotico della verità è un problema che riguarda i modi e le tipologie della manipolazione discorsiva. Greimas ne identifica due in particolare: il “camouflage oggettivante” e il “camouflage soggettivante”. Nel primo caso, ci troviamo di fronte a un discorso che, per essere riconosciuto come vero, “cancella, per quanto possibile, le marche dell’enunciazione”. Nel secondo caso, al contrario, il soggetto dell’enunciazione si manifesta esplicitamente in quanto tale, affermandosi come un vero e proprio “Io garante della verità”. Si tratta, nelle parole di Greimas, di un discorso ermetico-ermeneutico, il quale producendo un senso di “segretezza” suggerisce la presenza di “un piano anagogico da decifrare”. Il che pone, tra gli altri, il problema delle relazioni tra la “verità” e suoi termini contrari, contraddittori e complementari, ovvero, la “falsità”, la “menzogna” e il “segreto”, discussi nel celebre quadrato delle modalità veridittive.

Gli stessi temi sono stati affrontati da autori come Paolo Fabbri, in Semiotica e Camouflage, ad esempio, e Umberto Eco, che già nel suo Trattato di Semiotica Generale definiva la semiotica come quella “disciplina che studia tutto ciò che può essere usato per mentire”. Punto, questo, che Eco avrebbe poi sviluppato nel corso di tutta la sua futura traiettoria intellettuale, riflettendo in profondità sia sui diversi generi e modi di produzione del falso (falso storico, imitazione, contraffazione, ecc.), sia sugli aspetti della cosiddetta “semiosi ermetica”. Come osserva il semiologo, l’obiettivo principale di quest’ultima è costruire un discorso “che identifica la verità̀ con ciò̀ che non viene detto, o che viene detto in modo oscuro”, producendo, in tal modo, uno slittamento quasi irrefrenabile del senso della verità, per cui “ogni interrogazione dei simboli e degli enigmi non dice mai la verità ultima, ma sposta solo il segreto altrove” (I limiti dell’interpretazione).

Tuttavia, bisogna ricordare che Eco si è occupato della questione della verità anche in termini più marcatamente teorico-epistemologici, in Kant e l’ornitorinco e, in tempi più recenti, in Di un realismo negativo. Il punto di vista di Eco segue qui una traiettoria diversa da quella greimasiana, dato che parte da altri presupposti, come, ad esempio, il convincimento che esistano limiti che si imporrebbero rispetto al dire e al suo statuto. Ciononostante, anch’essa si fonda in una prospettiva di carattere discorsivo e nel principio di negoziazione della verità. Una verità che, nella sua portata etica, rimanda sempre a processi di negoziazione culturale e di valutazioni circa la sua adeguatezza al mondo naturale.

Un’altra teoria semiotica della Verità in campo strutturale è stata avanzata da Jacques Geninasca nel suo lavoro su La parola letteraria. Qui la Verità nasce dalla “sintonia” fra le valorizzazioni timiche e predicative che fondano il credere del Soggetto. È nella possibilità di produrre e/o assumere un Discorso – un universo di valori – che suturi la scissione fra il sentire e il sapere, che il Soggetto iscrive sé stesso in una Verità e si costituisce in quanto tale. Parimenti, attraverso questo gesto di assunzione, libero ma condizionato, il Soggetto (re)iscrive la Verità nella storia, afferma che quello specifico discorso è “Il Discorso” che supera le contingenze del tempo e le contraddizioni dell’umore per farsi riferimento personale e collettivo.

Tali riflessioni invitano a ragionare su di una sociosemiotica e su di una semiotica culturale delle verità, che tenga in considerazione la problematica del sensibile e dei regimi di interazione tramite cui emergono e si consolidano le credenze, sulla scia di quanto proposto da Eric Landowski (2005), e che favorisca, d’altra parte, uno sguardo il più ampio possibile sulla dimensione storica dei sistemi e dei processi di produzione delle verità collettive, come fatto ad esempio da autori come Lotman e Foucault.

Sulla base di tali presupposti, il presente numero di Estudos Semioticos intende approcciare da angolature diverse la relazione tra semiotica e verità, percorrendo da cima a fondo il tragitto che porta dall’empiria al metodo, alla teoria e all’epistemologia, e viceversa. Si tratta, insomma, di affrontare il tema della verità – delle verità – contemplando sia i suoi statuti teorici, sia la molteplicità dei suoi oggetti, soggetti, sistemi, processi, modi e procedimenti di produzione, così come i valori che le orbitano intorno. Perché il vero non risalta solo in relazione al falso: non capita forse che ciò che è vero sia in competizione con ciò che è giusto? O che il giudizio sulla correttezza, l’adeguatezza, la bellezza, l’autenticità sopravanzi quello sulla verità? E che dire poi delle sfumature di senso che la verità assume in un campo sociale dominato dall’idea di post-verità? Non è forse l’immagine della verità stessa ad uscirne modificata?

Tracciare le esplicite affermazioni di verità o l’effetto di verità che sottilmente si produce all’interno delle più varie pratiche discorsive. Cogliere, analizzare, mettere sotto critica la verità: o meglio, “le verità” della scienza, della politica, della vita quotidiana, di una cultura, di un collettivo e, perché no, le verità stesse della semiotica in quanto disciplina. Individuarne il valore, il significato, tanto quanto i conflitti attraverso cui una verità si fa tale e le strategie che le consentono di affermarsi. Queste sono alcune delle linee guida di questo numero di Estudos Semioticos.

A partire da quanto fin qui argomentato si invitano gli autori a presentare sia riflessioni di carattere teorico che casi di analisi empirica. Di seguito una lista, non esaustiva, di possibili temi:

  • La verità e le verità: sistematizzazioni e proposte teorico-epistemologiche;

  • Strategie enunciative del sembrar-vero;

  • I generi del discorso veridittivo;

  • Verità ed estesia: il ruolo del sensibile nella costruzione delle verità;

  • Regimi di interazioni e produzione di verità;

  • Culture, storie e verità: il problema della verità alla luce del divenire storico e delle differenze culturali;

  • Verità e stereotipi socioculturali;

  • Politiche della verità e verità della politica;

  • Post-verità, disinformazione e costruzione di credenze nei social media;

  • Verità e segreto nelle attuali teorie del complotto;

  • Verità, memoria e testimonianza.

 

Scadenze: 

  • 31 luglio 2021: invio di un abstract di massimo 500 parole ai seguenti indirizzi: paolodemuru@gmail.com  e  franciscu.sedda@gmail.com
  • 20 agosto 2021: comunicazione di accettazione o rifiuto della proposta:
  • 1 settembre 2021-31 dicembre 2021: Invio degli articoli approvati presso il sito: https://www.revistas.usp.br/esse/about/submissions BREAKING NEWS: Scadenza estesa al 15 gennaio 2022.
  • Agosto 2022: pubblicazione del dossier della rivista

    Dettagli sulla redazione e la formattazione dei testi:
  • lingue: portoghese, francese, inglese, italiano, spagnolo
  • abstract nella lingua dell'articolo e in inglese (se l'articolo è scritto in inglese, l'abstract deve essere scritto in una delle altre lingue consentite)
  • estensione massima degli articoli: 50.000 caratteri (spazi inclusi e comprese note e bibliografia)
  • Verificare i dettagli dei fogli di stile presso il seguente indirizzo: https://www.revistas.usp.br/esse/about/submissions

[English]

Thematic issue "Semiotics and Truth"

Edited by Paolo Demuru (Universidade Paulista: Post-Graduate Program in Communication, São Paulo) and Franciscu Sedda (Università di Cagliari)

  

Nowadays more than ever, before the spread of misinformation and conspiracy narratives, it is urgent and necessary to rethink the semiotic nature and the status of truth.

Always implicitly or explicitly at the centre of semiotic studies – from Greimasian and post-Greimasian semiotics to Peircean semiotics, Umberto Eco’s interpretative semiotics and Jurij Lotman’s semiotics of culture – the problem of truth invites us to tackle both of its epistemological implications and the concrete ways in which truth is affirmed or denied.

It may seem that semiotics, assuming a “non-referentialist” posture before the relationship between languages, discourses and the world, has put aside the “Truth with a capital T”, leaving it to philosophy and other human sciences. The fact is that semiotics has not considered the “Truth” – the ultimate and absolute Truth – in order to tackle the many “truths” that humans seek and produce to build their beliefs and identities. This means that, despite its ephemeral and contingent nature, or perhaps precisely because of that, “truths” are semiotic objects always at stake and, therefore, triggers of meaning, the catalysts of historical, social, cultural and political struggles for meaning.

Let’s think, for example, in this regard, on Greimas’ seminal essay “The Veridiction Contract”. In this article, dedicated to Paul Ricoeur, the semiotician tackles the problem of the semiotic nature of truth. The first conclusion he reaches is that, from the theoretical-epistemological standpoint of his discursive semiotics, truth is nothing but an effect of meaning. The second is that, consequently, the production of truth relies on a discourse “whose function is not truthsaying, but rather seeming-to-be-true”. From this point of view, what matters is not so much the adequacy of languages and discourses to an alleged external referent, but the ways in which a receiver is led to believe in a discourse that is built as true. That is, in Greimas’ words, “under what conditions do we believe that the discourse of others is true”? Therefore, thinking about truth in discursive semiotic terms means asking oneself about the strategies used by a given sender to make his speech apparently true, as well as about the paths followed by the receiver to embrace it as such. In fact, according to Greimas, truth is a “veridictory modality” that emerges through a contract between the actants of the communicational process. A contract that Greimas himself defines as “the veridiction contract”. In other words, the problem of the semiotic status of truth is a problem that concerns the types of discursive manipulation. Greimas identifies two in particular: “the objectivizing camouflage” and the “subjectivizing camouflage”. The first consists in a discursive strategy that “to the possible extent, erases all marks of enunciation”. The second is a discourse in which the subject of enunciation explicitly manifests himself, building himself “as an I (je) that is the guarantor of the truth”. In this case, we are faced with a real “hermetico-hermeneutic” discourse that “it must appear as a secret (…) whose purpose is only to suggest the existence of an anagogical level for us to decipher”. This raises, among other issues, the problem of the relationship between the term “truth” and its opposite, contradictory and complementary terms, that is, “falsehood”, “lie”, “secret”, discussed in the famous semiotic square of “veridictory modalities”.

The same issues have been addressed by authors such as Paolo Fabbri, in his article Semiotica e camouflage, and Umberto Eco, who in A Theory of Semiotics (1975), defined semiotics as the “discipline studying everything which can be used in order to lie”. In his later works, Eco constantly developed this fundamental point of his semiotics, reflecting in depth both on the different genres of the fake (historical forgery, imitation, counterfeiting, etc.), and on the aspects of the so-called “hermetic semiosis”. As Eco argues, the main objective of hermetic semiosis is to build a discourse that identifies the truth̀ with what̀ is not said, or that is said in an obscure way, thus producing an almost irrepressible shift in the meaning of truth, according to which every semiotic interrogation about it never tells the ultimate truth, but only shifts the secret elsewhere (The limits of interpretation).

However, it must be said that Eco also tackled the problem of truth in more markedly theoretical-epistemological terms, especially in Kant and the Platypus ([1997] 1999) and more recently, in his essay Di un realismo negativo (On negative realism, 2012). Eco follows here a different approach to that of Greimas. For instance, he argues that there are limits that define “what can be said” and “what cannot be said” about the “real world” and the “real facts”: As Eco states: “does there exist a hard core of being, of such a nature that some things we say about it and for it cannot and must not be taken as holding good (and if they are said by the Poets let them be held good only insofar as they refer to a possible world but not to a world of real facts)?” (Kant and the Platypus [1997] 1999: 50). Nevertheless, Eco’s idea of truth is also grounded in a discursive perspective and in the principle of negotiation. Truth always depends on sociocultural processes and evaluations about its adequacy to the “natural world”.

Another semiotic theory of truth developed in the field of structural semiotics was put forward by Jacques Geninasca in his La parole litteraire. According to Geninasca, truth arises from the links between the thymic and predicative evaluations that found the individual and collective beliefs. It is in the possibility of producing and/or assuming a Discourse – i.e., a universe of values ​​– that sutures the rupture between feeling and knowing, that the Subject inscribes himself in a Truth and constitutes himself as such. Likewise, thanks to this gesture of assumption, the Subject (re) inscribes his/her truth in the flow of (his/her) history, affirming that a specific discourse is “The Discourse”, a “Discourse” which exceeds the contingencies of time and the contradictions of mood to become a personal and collective reference.

Such reflections invite us to reflect on a sociosemiotic and a cultural semiotics of truths, which takes into account the problem of their sensible dimension and of the regimes of interaction through which beliefs emerge and consolidate (Landowski, 2005). At the same time, this approach must provide a broad perspective on the historical dimension of the systems and processes of production of truths, as in Lotman and Foucault’s works.

On the basis of these assumptions, this issue of Estudos Semioticos aims to tackle

the relationship between semiotics and truth from multiple and different angles, following the path that leads from empiricism to method, theory and epistemology, and vice versa. We seek to address both the theoretical and the empirical dimensions of truth, tackling the multiplicity of its objects, subjects, systems, processes and modes of production, as well as the values ​​that orbit around it. In fact, what is “true” does not emerge only in relation to what is “false”, but also to what is “right”, “correct”, “adequate”, “authentic” and so on. And what about the nuances of meaning that truth assumes in a social field dominated by the idea of ​​“post-truth”? How the very idea of truth itself changes before post-truth and its practices?

Tracking the truth effects that are subtly built within the most varied discursive spheres and practices. To grasp, analyse, criticize the truth: or rather, “the truths” of science, politics, daily life, cultures, collectives and, why not, the very truths of Semiotics as a theory and method. Identify the values and the meanings of truth, as well as the conflicts through which it emerges as such. These are some of the guidelines in this issue of Estudos Semioticos.

Starting from these guidelines, we invite authors to present both theoretical reflections and empirical analysis. The main topics of interest for this special issue, while not being exclusive, are the following:

  • Truth and truths: systematizations and theoretical-epistemological proposals;
  • The enunciative strategies of the veridictory discourse;
  • Genres of veridictory discourse;
  • Truth and aesthesis: the role of aesthesis in the construction of truths;
  • Regimes of interactions and processes of construction of truths;
  • Cultures, history, stories and truths: the problem of truth in the light of historical development and cultural differences;
  • Truth and socio-cultural stereotypes;
  • Politics of truth and truths of politics:
  • Post-truth, misinformation and the construction of beliefs on social media;
  • Truth and secrecy in current conspiracy theories.
  • Truth, memory and testimony

    Deadlines: 


    Stylesheet: 

    • languages: portuguese, french, english, italian, spanish
    • abstract must be written in the language of the article and in english (if the article is written in english, the abstract must be written in one of the other languages above)
    • papers must not exceed 50.000 characters (including spaces, bibliography and footnotes) 
    • Please, check all the details on: https://www.revistas.usp.br/esse/about/submissions