O passado servindo aos anseios do presente: Orville Derby e a historiografia bandeirante
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8855.v1i1p53-72Palavras-chave:
Historiografia, Bandeirismo, Intelectuais, Primeira RepúblicaResumo
O presente artigo tem como objetivo colocar em discussão os debates historiográficos em torno da apropriação da figura do bandeirante como mito e símbolo da história paulista nos primeiros anos do século XX, particularmente entre a intelectualidade ligada ao Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, com enfoque ao seu sócio fundador Orville Derby. Fundado em fins do século XIX, o Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo teria exercido uma influência decisiva sobre a construção e legitimação do símbolo bandeirante, e sendo considerada uma instituição científica, partilhava da crença que as ciências poderiam ter um papel atuante no desenvolvimento de São Paulo e, logo, na almejada influência política e cultural do estado em meio à federação republicana. Esse papel é empiricamente verificável em suas publicações, particularmente na revista que começou a ser editada um ano após a fundação do Instituto, em 1895, como exemplo das disputas territoriais das divisas de São Paulo com estados limítrofes.Downloads
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