Merleau-Ponty dans les archives Husserl: entretien avec Emmanuel de Saint Aubert
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2318-8863.discurso.2024.231005Palavras-chave:
Emmanuel de Saint Aubert, Maurice Merleau-Ponty, arquivo, fenomenologia francesa, ontologiaResumo
A entrevista concedida por Emmanuel de Saint Aubert a Silvana de Souza Ramos e a Iracy Ferreira dos Santos Junior aborda a história e o papel dos Arquivos Husserl de Paris para o fomento da pesquisa multidisciplinar em fenomenologia. O pensador esclarece qual foi o contato de Merleau-Ponty com os manuscritos de Husserl, e que tipo de leitura, situada e complicada, ele realizou não apenas desses manuscritos, mas da obra de Husserl como um todo. Esse aspecto é particularmente importante para os estudos de filosofia francesa contemporânea porque Merleau-Ponty foi um dos grandes responsáveis pela introdução de Husserl no pensamento francês. Tal esclarecimento permite mostrar a originalidade da filosofia de Merleau-Ponty, pois revela que o autor não era um exegeta de Husserl, mas um pesquisador inquieto e multifacetado, engajado nos debates intelectuais e políticos de sua época. Se ele não pode ser reduzido à figura de um mero leitor de Husserl, tampouco sua ontologia tardia pode ser resumida à influência de Heidegger. Debruçado sobre os manuscritos deixados inacabados por Merleau-Ponty em função de sua morte prematura, os quais eram um esboço de um novo livro, Saint Aubert realizou um minucioso trabalho de pesquisa dos usos que Merleau-Ponty faz de termos centrais de sua ontologia – chair, Leib, empiétement, quiasma – mostrando que eles não traduzem ou expressam literalmente conceitos provenientes de Husserl ou de Heidegger, pelo contrário, esses termos ganham uma gama de sentido multifacetada nos escritos de Merleau-Ponty, alimentando-se de suas leituras e meditações filosóficas, mas também de sua cultura científica e literária, e de suas preocupações éticas e políticas. A pesquisa de Saint Aubert, dedicada à interpretação dos chamados “inéditos” de Merleau-Ponty, resultou na publicação de cinco livros, pelas edições Vrin, todos eles guiados por uma leitura genética transversal da obra merleau-pontiana. Além disso, Saint Aubert, com a ajuda de outros pesquisadores e pesquisadoras, publicou, com apurado cuidado editorial, vários volumes com os manuscritos de Merleau-Ponty. Esse material, disponível de modo organizado e situado, é de uma riqueza incomparável, e permite dimensionar de modo mais preciso o papel de Merleau-Ponty no pensamento contemporâneo, além de iluminar o sentido de seu projeto ontológico.
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