“Repensar Portugal”: Almeida Garrett, Alexandre Herculano e Eduardo Lourenço
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v16i31p54-80Palavras-chave:
Almeida Garrett, Alexandre Herculano, Estilo shandiano, Crise política, ModernidadeResumo
Almeida Garrett (1799-1854) e Alexandre Herculano (1810-1877) são os dois principais autores representantes do Romantismo em Portugal ou, pelo menos da primeira geração, que se confunde, inevitavelmente, com as lutas pela implantação do liberalismo no país. Contemporâneos, eles se corresponderam entre si e redigiram obras ficcionais, que visaram considerar sobre o papel de Portugal, como corpo nacional e também cultural. Em suma, refletiram, por meio da produção literária, sobre a situação pátria após as invasões francesas (1807), o trauma da fuga da Corte para o Brasil (1807), a Revolução Liberal (1820) e a Guerra Civil (1828-1834) entre absolutistas e liberais, da qual ambos tomaram partido pelos constitucionais e, por fim, chegaram a conhecer o exílio. Ao regressarem, Garrett e Herculano compuseram um grupo de intelectuais que visavam refletir sobre os destinos do país, imerso em tantas crises. Sobre suas obras, Eduardo Lourenço (1923-2020), homenageado neste ano de seu centenário de nascimento, redigiu importantes textos, também a fim de “repensar Portugal”, pois inventaria nos escritos dos dois escritores do século XIX formas de ponderar sobre as situações política, religiosa e cultural lusitanas. Analisamos, por isso, trechos de quatro narrativas dos autores oitocentistas: O Arco de Sant’Ana: crónica portuense (1845/1851) e Viagens na minha terra (1846), de Almeida Garrett; O Monge de Cister ou a época de D. João I (1848) e “O pároco da aldeia (1825)” (1851), de Alexandre Herculano. São textos escritos sob o estilo narrativo shandiano, nos quais as digressões dos narradores são o que mais nos interessam neste estudo. Para além de O labirinto da saudade (1978) e de Mitologia da saudade seguido de Portugal como destino (1999), de Lourenço, dialogaremos, em nossas averiguações, com as produções de Maria de Fátima Marinho (1999) e de Sergio Paulo Rouanet (2007), dentre outros autores.Downloads
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