Releituras da tradição: Pode um desejo imenso (2002), de Frederico Lourenço
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v16i31p238-260Palavras-chave:
Releituras da tradição, Homoerotismo, Novíssima ficção portuguesa, Frederico LourençoResumo
A partir da percepção de algumas afinidades entre os pressupostos de uma poética do pós-modernismo, tal como delineada por Linda Hutcheon (1991), e a trama romanesca de Pode um desejo imenso (2002), do escritor português Frederico Lourenço, propomos uma leitura da obra ficcional em foco, observando as revisitações propostas pelo autor, ora de uma herança clássica na construção de personagens que revigoram e reescrevem as linhas de uma relação homoafetiva (em ligação com a pederastia da Grécia Antiga), ora de uma tradição literária camoniana, em que um dos protagonistas intenta apresentar uma conferência sobre os ecos homoeróticos numa das rimas de Camões. Numa espécie de projeção, Frederico Lourenço relê tanto os postulados platônicos, quanto as nuances líricas camonianas, efabulando um casal de personagens que ousa dizer o nome do amor que os une.Downloads
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