O espaço lisboeta em "Memorial do convento": entre o sagrado e o profano
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v14i28p77-93Palavras-chave:
Espaço, Lisboa, Catolicismo português, BarrocoResumo
Utilizando-se de uma perspectiva geralmente marginalizada pela historiografia oficial, o narrador de "Memorial do convento", romance de José Saramago (1922-2010) publicado em 1982, elege como protagonistas personagens até então anônimos, como é o caso de Baltasar Sete-Sóis, metonímia dos homens esquecidos pela história oficial, o qual, regressando de guerra com a Espanha, chega à Lisboa do início do século XVIII. O presente artigo objetiva identificar como o narrador de Memorial do convento reconstrói essa Lisboa, especialmente no que concerne aos espaços da cidade portuguesa. Este estudo revela que tais espaços são marcados por forte influência da Igreja Católica e da arte barroca, estética caracterizada pela intensidade, pela pujança e pela conciliação de polos opostos, como é o caso do sagrado e do profano.
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