Todos os nomes que o acaso tem: a descoberta de si pelo outro
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.2175-3180.v14i27p154-173Palavras-chave:
Todos os nomes, Alteridade, AcasoResumo
O romance Todos os nomes, publicado em 1997, possui relevante entrada na produção do autor: é posterior ao remodelamento de sua narrativa ocorrido em 1995 com Ensaio sobre a cegueira e é imediatamente anterior ao laureamento com o prêmio Nobel. A narrativa apresenta como protagonista um indivíduo assolado pelo enfado causado pela rotina e pela solidão de seu trabalho na Conservatória Geral. Com uma personalidade moldada e construída pelas relações capitalistas, o acaso será o responsável por colocá-lo em contato com o ficheiro da mulher desconhecida, o que desestabilizará a construção identitária de funcionário padrão, provando que “É necessário sair da ilha para ver a ilha” (SARAMAGO, 2012, p.41). Nesse sentido, a leitura que se pretende neste artigo busca corroborar certa constatação frequente nos romances saramaguianos desta segunda fase, a de que o homem é o único redentor de si, mas de que essa via passa quase sempre pelo outro.
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