A Redoma de vidro, de Sylvia Plath: resistência feminina ao patriarcado reconfigurado

Autores

  • Vanessa Cezarin Bertacini Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp)

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i27p198-211

Palavras-chave:

Sylvia Plath, A redoma de vidro, Feminismo, Patriarcado, Subtexto, Resistência

Resumo

A ideologia patriarcal vem sido historicamente apresentada em diferentes configurações. Uma delas, abordada por Virginia Woolf em seu ensaio “Professions for Women” (1942), traz a figura do “Anjo do Lar”, isto é, o modelo de mulher pertencente à Era Vitoriana na Inglaterra, dotada de características como a pureza, a castidade, a devoção e a passividade. Gilbert e Gubar (2000), em The Madwoman in the Attic, trouxeram uma segunda configuração, a de “mulher-anjo”, absolutamente similar à primeira, mas não somente um modelo de mulher, bem como o modelo utilizado na constituição das personagens femininas na escrita de autores do sexo masculino. Como proposta de fuga aos estereótipos patriarcais presentes na literatura produzida por homens, as autoras oferecem o conceito de subtexto de autoria feminina, a partir do qual mulheres escritoras puderam contar sua própria história de luta pela liberdade sem mostrá-la expressamente na superfície textual – noção retomada por Elaine Showalter (1994) como um “discurso de duas vozes”. Neste trabalho, pretende-se mostrar de qual forma Sylvia Plath, em seu romance A redoma de vidro (1963), foi capaz de configurar o patriarcado na imagem de uma redoma de vidro e utilizar a desintegração do sujeito feminino como estratégia subtextual de resistência.

Downloads

Os dados de download ainda não estão disponíveis.

Biografia do Autor

  • Vanessa Cezarin Bertacini, Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp)

    Mestra em Estudos Literários pela Universidade Estadual Paulista "Júlio de Mesquita Filho" (Unesp) de Araraquara.

Referências

BLOOM, Harold. Bloom’s Guides: The Bell Jar. New York: Infobase Publishing, 2009.

BONDS, Diane S. The separative self in Sylvia Plath’s The Bell Jar. Women’s Studies, United

Kingdom, v. 18, 1990, p. 49-64.

BRONTË, Charlotte. Jane Eyre. Trad. Doris Goettems. Edição bilíngue inglês/português. São Paulo: Landmark, 2010.

DROBNIK, Iga Helena. Life Narrative in Sylvia Plath’s The Bell Jar. 2014. 74f. Master thesis - Institute of Culture and Identity, Roskilde University, 2014.

FRIEDAN, Betty. Mística feminina. Trad. Áurea B. Weissenberg. Petrópolis: Vozes, 1971.

GILBERT, Sandra M.; GUBAR, Susan (ed.). . The Madwoman in the Attic: the woman writer and the nineteenth-century literary imagination. New Haven: Yale University Press, 2000.

GILBERT, Sandra M. “A Fine, White Flying Myth”: Confessions of a Plath Addict. The Massachusetts Review 19, no. 3 (1978): 585-603. Disponível em:

<http://www.jstor.org/stable/25088890>. Acesso em: 30 jun. 2020.

GILMAN, Charlotte Perkins. The yellow wall-paper. Disponível em:

. Acesso em: 30 jun. 2020.

KUKIL, Karen (org.). Os diários de Sylvia Plath: 1950 - 1962. Rio de Janeiro: Biblioteca Azul, 2018.

LAMB, Vanessa Martins. The 1950's and the 1960's and the American Woman: the transition from the “housewife” to the feminist. History. 2011. Disponível em: . Acesso em: 30 jun. 2020.

MAY, Elaine T. Homeward Bound: American Families in the Cold War Era. New York: Basic Books, 2008.

PINHO, Davi Ferreira de. Of Angels and Demons: Virginia Woolf’s Homicidal Legacy in Sylvia Plath’s The Bell Jar. 2011. 75f. Dissertação (Mestrado).

PLATH, Sylvia. A redoma de vidro. Trad. Chico Mattoso. São Paulo: Biblioteca Azul, 2014.

SHOWALTER, Elaine. A crítica feminista no território selvagem. Trad. Deise Amaral. In: HOLLANDA, Heloisa Buarque de. Tendências e impasses: o feminismo como crítica da cultura. Rio de Janeiro: Rocco, 1994. p. 23-57.

SMITH, Rosi. Seeing Through the Bell Jar: Distorted Female Identity in Cold War America. UK: Nottingham, 2008.

SMITH, Rosi. Literary Criticism. Chicago, Signs, vol. 1 (2): 1975.

WOOLF, Virginia. Professions for Women. In: _____. The Death of The Moth and other essays. London: The Hogarth Press, 1970, p. 235-242.

Downloads

Publicado

2020-11-11

Como Citar

Bertacini, V. C. (2020). A Redoma de vidro, de Sylvia Plath: resistência feminina ao patriarcado reconfigurado. Revista Criação & Crítica, 27, 198-211. https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.i27p198-211