Orlando e os gêneros reescritos no cinema
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1984-1124.v0i16p50-60Palavras-chave:
Pós-modernidade, Feminismo, Gênero, Corpo.Resumo
O escritor Jorge Luís Borges dizia que reescrevemos obras literárias em vez de simplesmente nos alinharmos a determinadas ascendências literárias que moldariam novos textos. Inspirados nesta afirmativa que nega a mera influência direta, podemos pensar a versão cinematográfica pós-moderna como um outro locus de reescrituras, marcada por elementos como ironia, performatividade em cena e caráter excessivo no cenário e no figurino dos personagens. Tais características da produção cinematográfica colaboram para o questionamento das relações de gênero, sexo e corpos no filme Orlando, de Sally Potter (1992), inspirado no livro homônimo de Virgínia Woolf, Orlando - uma biografia (1928). Este artigo tem por objetivo perscrutar acréscimos ao texto literário e elementos próprios da pós-modernidade acionados pela produção de Potter, reconfigurando a narrativa original e, mais que isso, fundindo um novo texto. A discussão teórica será articulada a partir dos trabalhos a respeito da pós-modernidade de Frederic Jamenson (1984), Jean-François Lyotard (1993), e Andreas Huyssen (2010), do gênero como uma tecnologia de poder de Teresa de Lauretis (1994), e como construção performática de Judith Butler (2010), além das reflexões sobre representação e cinema de Robert Stam e Ella Shohat. Esperamos, por fim, contribuir para a análise de um caso concreto de aproximação entre Feminismo e Pós-Modernismo.Downloads
Referências
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Filme:
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