Ideologias políticas e representação democrática: um estudo a partir de Michael Freeden e Nadia Urbinati
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v43i1p38-50Palavras-chave:
Ideologias, Representação, Legitimidade., Democracia, DeliberaçãoResumo
A crise da representação política e as atuais ameaças às democracias liberais consistem em temas de grande reflexão e debate na filosofia política contemporânea, o que explica, em parte o renovado interesse pelo conceito de representação política. O presente artigo defende que a compreensão das ideologias políticas, a partir da abordagem morfológica de Michael Freeden, possibilita novas formas de pensar sobre a representação e sua relação com a democracia. Ao atribuírem significados determinados e estáveis a conceitos políticos essencialmente contestados, as ideologias disputam o controle da linguagem política, desempenhando também uma função integrativa, ao vincular simbolicamente o indivíduo à sociedade a qual pertence, permitindo, assim, o compartilhamento de conteúdos da consciência individual. A partir da obra de Nadia Urbinati, defende-se a centralidade da recuperação da dimensão ideológica da política para uma noção de representação efetivamente democrática, o que passa pela compreensão do papel deliberativo das ideologias e o caráter híbrido destes sistemas de pensamento, que agregam elementos racionais e não-racionais.
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