Na sala do teatro, “É de Diadorim que você deve de me chamar”
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v39i2p266-277Palavras-chave:
Diadorim, Beauvoir, Butler, Performance, GêneroResumo
Num primeiro plano, partindo do fato de que Diadorim é uma subjetividade atravessada pelo olhar do outro – ou seja, não se trata de uma subjetividade que narra a si mesma, mas de uma subjetividade cujo “ser” se põe, face a um narrador em primeira pessoa, como “ser-para-outro” – é preciso indagar em que medida a revelação de seu corpo como sendo corpo-de-mulher contribui, na maneira pela qual Riobaldo-narrador tece os fios do passado, para o acorde entre feminino e alteridade. Trata-se, portanto, de investigar o ajuste firmado, no romance de Rosa, entre o feminino e a condição de “Outro absoluto” que lhe é atribuída e sobre a qual discorre Simone de Beauvoir. Num segundo plano, para além do exame sobre o que o romance fala (seus ajustes e pactos), é preciso deslindar o que o romance dissimula. Em outras palavras, mais do que capturar Diadorim em uma identidade de gênero, ainda que provisória – visto que Diadorim parece não performar os padrões de masculinidade impostos por seus pares e daí receber o epíteto de “o delicado”; tampouco Diadorim “torna-se mulher”, mas é, discursivamente, “tornada” mulher, no advento de sua morte – pretendemos demonstrar que o que o romance dissimula é o escândalo, manifesto já no nome “Diadorim”, da desorganização das normas de inteligibilidade de gênero; a essa altura, tomaremos como pressupostos teóricos os estudos de Judith Butler sobre o tema.
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