A política da voz e do dizer segundo Adriana Cavarero

Autores

  • Thiago Dias Universidade de São Paulo (USP)

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v39i2p57-68

Palavras-chave:

Cavarero, Arendt, Feminismo, Singularidade, Voz

Resumo

Um dos objetivos deste artigo é apresentar a relação entre política e palavra proposta por Adriana Cavarero em "Vozes plurais". Sob influência declarada de Hannah Arendt, Cavarero coloca a singularidade no centro de seu pensamento, e o segundo objetivo deste artigo é mostrar que a singularidade é uma ideia chave para a crítica do patriarcado. Uma análise fina de Platão e Aristóteles mostra que eles dividiram o logos em um aspecto sonoro e um aspecto lógico e, ato contínuo, soterraram a voz sob o semântico estabelecendo uma hierarquia que marcaria toda a tradição. A diferença de gênero se uniria a esta hierarquia, pois a tradição atribuiria a voz à mulher e o semântico ao homem. Carnal, sensual e particular, a voz e a mulher se mantiveram à sombra do espiritual, racional e universal garantidos pelo homem e seu logos sem voz. Em um passo adicional, Cavarero apresenta uma fenomenologia vocálica da unicidade a fim de mostrar que a voz porta a singularidade humana. Diante disto, faz-se necessário reconduzir a palavra à sua raiz vocálica, especificamente acústica e tradicionalmente feminina, a fim de elaborar uma política pós-patriarcal.

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Biografia do Autor

  • Thiago Dias, Universidade de São Paulo (USP)

    Doutor em filosofia pela Universidade de São Paulo. Além de tradutor, é coordenador do grupo de estudos “Violência em tempos sombrios” do NEV-USP e foi pesquisador visitante na Freie Universität Berlin em 2015. Contato: thdiass@yahoo.com.br

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Publicado

2021-12-21

Como Citar

A política da voz e do dizer segundo Adriana Cavarero. (2021). Cadernos De Ética E Filosofia Política, 39(2), 57-68. https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v39i2p57-68