"Retrato calado" de Luiz Roberto Salinas Fortes como ação política
DOI:
https://doi.org/10.11606/issn.1517-0128.v2i31p77-84Palavras-chave:
Salinas, Arendt, Ditadura, Tortura, PalavraResumo
Durante a odiosa tortura a que foi submetido pela ditadura civil-militar brasileira, o professor Luiz Roberto Salinas Fortes viu o aparato do estado se servir da mais bárbara violência para dele extrair algo especificamente humano; uma palavra. Contra esta palavra indigna arrancada na escuridão da cela, Salinas decidiu elaborar um discurso e trazer à luz do espaço púbico as sombras que o tragaram. O resultado é Retrato calado, livro que contém uma nobre fala sobre atos abjetos. Enquanto fala, entretanto, este sujeito estilhaçado se mostra de modo indiscutivelmente íntegro, pois, sem se reduzir à quase inevitável via da denúncia e do lamento, Salinas se coloca como quem cumpre o dever de trazer à luz o que lhe fizeram na escuridão; um dever fundado no cuidado com o mundo. Nesta autêntica ação política, o professor de filosofia encarna e exemplifica a dignidade da fala pública apontando para seu contrário.
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Referências
ARENDT, H – “Truth and Politics” in: Between Past and Future. New York: Penguin, 2006, pp. 223-59.
SALINAS FORTES, L. R – Retrato Calado. São Paulo: Cosac Naify, 2012
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