Durante um período de cerca de 30 anos, enquanto grandes avanços eram alcançados no entendimento da evolução do Escudo Arábico-Nubiano, conflitos militares impediram que qualquer tipo de mapeamento geológico e interpretação tectónica fossem realizados na Eritrea, região do NE da Africa. A indicação, a partir de trabalhos da década de 50, da ocorrência de rochas ultramáficas na extremidade noroeste do país, levou diversos autores a propor a existência de uma zona de sutura Neoproterozóica (Pan Africana) ao longo do rio Barka. Diversas tentativas no sentido de demonstrar a existência desta zona de sutura na região vêm sendo feitas desde então, todas baseadas exclusivamente em dados de sensoriamento remoto. Entre estes trabalhos prévios, destacam-se aqueles que utilizam-se de variações da técnica de razões de bandas do satélite Landsat TM. Essas técnicas, entretanto, são incapazes de mapear inequivocamente a ocorrência de rochas ultramáficas e de gerar produtos que possam servir como uma boa base para o mapeamento litológico. A comparação entre os resultados obtidos nesses trabalhos mostram incertezas e divergências marcantes. Neste artigo, pretende-se verificar e expandir a hipótese da existência de uma zona de sutura no NW da Eritrea, utilizando uma estratégia de sensoriamento remoto inédita e dados de trabalhos de campo de detalhe. Esta estratégia emprega composições coloridas de bandas do sensor Landsat TM, selecionadas por métodos estatísticos e realçadas espectralmente, em conjunto com composições coloridas geradas a partir da informação residual de Componentes Principais (pseudo-razões), para o mapeamento das principais feições dos terrenos Pan Africanos da Eritrea (i.e. sequências ofiolíticas). A estratégia proposta transcende os problemas encontrados em outras tentativas de mapeamento destas feições e potencialmente pode ser adotada como uma poderosa ferramenta na caracterização de áreas geologicamente similares, em regiões de clima árido.
