Palaeoclimate, Quaternary, Amazônia, Central Brazil
Resumo
Estudos feitos no Brasil, segundo um acordo entre o CNPq (Brasil) e ORSTOM (França), permitiram-nos vislumbrar a tendência geral de mudanças climáticas que ocorreram durante os últimos 60.000 anos. Primeiramente, o estudo de sucessivas fases de erosão e sedimentação, registradas nos depósitos de vale do Brasil Central, forneceram evidências de importantes mudanças na cobertura vegetal de vertentes e no regime hidráulico de cursos fluviais e então chegando-se às características dos regimes pluviométricos e climáticos. Estudos de depósitos do vale do rio Tamanduá na cidade de São Simão (SP) mostraram que entre 32 e 21 ka. A.P. o clima foi úmido, enquanto entre 17 e 11 ka. A.P. ele foi seco com chuvas esparsas e fortes. De 10 ka. a 8,5 ka. A.P. o clima foi também úmido. Finalmente, após 7,5 ka. A.P. os depósitos revelaram a existência de vários episódios secos através do clima globalmente úmido. Análises palinológicas e sedimentológicas de depósitos lacustres amostrados por vibrotestemunhador na Amazônia Oriental (Carajás, PA) e no Brasil Central (Salitre, MG) permitiram delinear a história evolutiva da cobertura vegetal nessas regiões, durante os últimos 60.000 anos para Carajás e 30.000 anos para Salitre, e então ter uma idéia preliminar sobre seus paleoclimas. Então foi possível mostrar que em Carajás por quatro vezes, há cerca de 60, 40, entre 23-11 e 7-4 Ka. A.P., ocorreu a regressão da floresta pluvial perene. Além disso, aparentemente o último episódio de regressão da floresta pluvial foi bem diferente dos três episódios anteriores. Em Salitre, mais característica é a indicação da existência de floresta de Araucária entre 12 e 8,5 Ka. A.P. A localização desta floresta de Araucária está claramente mais ao norte que atualmente, sugerindo que durante aquela época o clima era mais úmido e mais frio. Finalmente, estudos desenvolvidos na costa do Brasil Central mostraram evidências de mudanças na dinâmica costeira comandadas pelo vento durante os últimos 5 Ka. Um estudo detalhado da geometria das cristas praiais de desembocadura do rio Doce (ES) mostrou inversões no sentido da deriva litorânea como conseqüência de mudanças nos regimes da onda e do vento, permitindo conhecer as características da circulação atmosférica durante os últimos 5 Ka.