Linchamento, o lado sombrio da mente conservadora

Autores

  • José de Souza Martins Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

DOI:

https://doi.org/10.1590/ts.v8i2.86293

Palavras-chave:

Linchamentos, Vigilantismo, Justiça popular, Justiça antijudiciária

Resumo

Os numerosos casos de linchamento no Brasil, nos últimos 20 anos, sugerem que as mudanças sociais estão ocorrendo em direção oposta à das orientações cognitivas adotadas pelos cientistas sociais. Os linchamentos indicam que a cultura popular, nas circunstâncias do desenvolvimento e da modernização excludentes, nem sempre é e nem está necessariamente voltada para a a afirmação de tradições que dignificam o homem e afirmam sua emancipação e sua liberdade. Eles revelam sem dúvida uma mentalidade de compromisso com o primado do social e dos direitos da sociedade em relação ao indivíduo. Mas, revelam-no em sua dimensão mais opressiva e punitiva, assumindo formas violentas de exclusão e desumanização ritual de suas vítimas.

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Biografia do Autor

  • José de Souza Martins, Universidade de São Paulo. Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas

    Professor do Departamento de Sociologia da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas, Universidade de São Paulo.

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Publicado

1996-06-30

Edição

Seção

Artigos

Como Citar

Linchamento, o lado sombrio da mente conservadora. (1996). Tempo Social, 8(2), 11-26. https://doi.org/10.1590/ts.v8i2.86293