As flutuações de nível do mar durante o quaternário superior e a evolução geológica de "deltas" brasileiros

Autores

  • L. Martin
  • K. Suguio
  • J.M. Flexor

DOI:

https://doi.org/10.11606/issn.2317-8078.v0i15p01-186

Resumo

Ao longo do litoral brasileiro existem extensas áreas de progradação quaternária, a maioria das quais vinculada a importantes desembocaduras fluviais, enquanto que outras não apresentam qualquer ligação com desembocaduras fluviais, atuais ou pretéritas. Todos os casos, até aqui estudados, podem ser explicados pelo modelo de evolução paleogeográfica concebido pelos autores, válido para o trecho Macaó (RJ) a Maceió (AL). Dois ou mais dos estádios do modelo completo podem ser omitidos na explicação da história evolutiva de algumas dessas planícies. As planícies costeiras dos rios Doce (ES) e Paraíba do Sul (RJ) caracterizam-se pela presença de expressivos deltas intralagunares, que foram construídos no interior de extensas paleolagunas. As planícies costeiras dos rios Jequitinhonha (BA) e São Francisco (SE/AL), ambas de menor expressão do que as anteriores, não apresentam deltas intralagunares porque nunca chegaram a desenvolver lagunas de maior porte durante a sua evolução geológica. Por outro lado, a foz do Rio Parnaíba (PI/MA) pode ser considerada como de domínio essencialmente eólico e a planície de Caravelas (BA) não possui qualquer relação com desembocadura fluvial. Nessas planícies, que foram freqüentemente descritas como essencialmente hoiocênicas, foram também encontrados sedimentos pleistocônicos ao lado doe hdocônicos. Além disso, a variação de nível relativo do mar durante o Quaternário superior, quase sempre completamente ignorada nos estudos de deltas quaternários de vários países, desempenhou um papel essencial na formação dessas planícies. Finalmente, considerando-se a definição de delta sensu strictu, mesmo as planícies costeiras situadas nas principais desembocaduras fluviais não podem ser consideradas como verdadeiros deltas, já que os seus sedimentos foram só parcialmente supridos pelo rio, sendo em grande parte resultantes de retrabalhamento de sedimentos reiiquiaires da plataforma continental. A compreensão da evolução geológica das planícies costeiras, durante os últimos milhares de anos, fornece valiosas informações sobre as mudanças paleoambientais em geral e, também, pode explicar as tendências da dinâmica atual. Deste modo, pode ajudar a solucionar vários problemas, como os relacionados aos fenômenos de erosão e sedimentação acelerados, com ou sem influência antrópica, em gerenciamento costeiro.

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Publicado

1993-05-01